20/06/2023 às 16h22min - Atualizada em 21/06/2023 às 00h01min
Grupo de dança Ewé fará única apresentação no Centro Cultural Penha
Venha comemorar, através da dança, a ocupação de espaços onde a celebração é, muitas vezes, negada a corpos pretos
SALA DA NOTÍCIA SI Comunicação
Divulgação O grupo de dança Ewé fará única apresentação no Centro Cultural Penha (Largo do Rosário, 20 – Penha), no dia 20/06, às 20 horas, grátis. A montagem é um resgate de memórias afetivas, é perceptível a presença das brincadeiras, das lembranças entre o transitar da laje para a garagem, até a iluminação do espetáculo é um brincar no palco, dando a cena um ar de jogos competitivos de rua.
É um espetáculo de criação e investigação que propõe, a partir da pesquisa em dança, discutir questões sobre a representatividade do corpo negro no protagonismo de estéticas corporais, tendo como base as danças tradicionais negras dos rituais jejes e yorùbá que já fazem parte das pesquisas que o Grupo Ewé vem trazendo em suas proposições artísticas.
A dança ritual neste trabalho, coloca em cena experiências coletivas que partilham de ações para alcançar um objetivo comum, colocando o artista pesquisador na relação entre o discurso e as condições de produção de sentido, ou seja, é tudo aquilo que se faz necessário para o artista pesquisador ter relações de reconhecimento e pertencimento, garantindo que a experiência e estrutura de dança não sejam uma colagem de movimentos deslocados da singularidade do artista pesquisador.
O processo criativo considera-se não somente o artista pesquisador, mas tudo o que participa e é estímulo para a construção e pesquisa em dança como parte necessária e fundamental para o processo dramatúrgico e de construção da cena. Quando questionado sobre a ideia espacial do espetáculo o coreógrafo e diretor do grupo Ewé Luiz Anastácio diz: "a ideia espacial evocada é inspiração sensível para compreender como estes espaços físicos, muito vivenciados nas periferias, demarcam parte da identidade preta paulistana e a dança ritual é uma forma de experienciar, a partir do corpo e da produção de conhecimento em dança".
Luiz comenta ainda: “a performatividade do movimento que coloca o sujeito em um espaço e tempo que o caracteriza como parte desta época, ora por cima (Órun – mundo espiritual), ora por baixo (Àiyé – mundo terreno) é uma analogia referente à laje e à garagem, espaços que marcam inúmeros acontecimentos para o corpo preto periférico, não se limitando a ser uma plataforma de acontecimentos sociais, mas expandindo-se em uma noção de espaço, convívio e história, ou seja, de territorialidade".
No espetáculo também é possível observar referências adinkras (símbolos ideográficos pertencentes aos povos Acã), como mapas conceituais tridimensionais e a partir das fundações imagéticas e filosóficas do povo Acã, que traz em sua representatividade a imagem do deus do Céu, Kwaku Ananse, o homem aranha, o tecer de caminhos mostra o quanto as ancestralidades negras estão interligadas de forma a compreender que fazer, no pensamento africano, é um ato coletivo.
“Da laje para garagem” é uma celebração dos corpos pretos em ações coletivas, transformando narrativas de um corpo que muitas vezes é estereotipado e esvaziado de suas sabedorias, um espetáculo que traz analogias do que é estar por cima e por baixo em uma sociedade racista como a nossa.
Assista ao teaser no Youtube Ficha Técnica: Diretor Geral, Diretor de Arte e Coreógrafo: Luiz Anastácio Assistente de Direção: Beatriz Oliveira Diretor de Mídia e Designer: Ian Muntoreanu Produção Executiva: Rafaela Araújo Bailarinos: Aruan Alvarenga Beatriz Oliveira Joyce Silva Luiz Anastácio Rafaela Araújo Thico Lopes Bailarina Aprendiz: Jessica do Carmo Figurino: Luiz Anastácio Objetos Cênicos: Grupo Ewé Iluminação: Bruna Tovian Musicista: Hambria Costa Serviço: Espetáculo Da Laje para a Garagem Centro Cultural Penha Endereço: Largo do Rosário, 20 – Penha Faixa Etária: 14 anos