Quem faz parte da comunidade LGBTQIAP+ já deve ter ouvido falar na Festa Treta, um dos principais eventos da vida noturna em diversas cidades do país. Como também, deve conhecer o site Pheeno, que está há mais de uma década sendo um dos maiores portais de notícias, estilo de vida e entretenimento queer. Ou até mesmo, ter frequentado a Pink Flamingo, o famoso bar gay de Copacabana. Esses projetos muito bem sucedidos têm em comum uma grande mente por trás, a do jornalista, DJ e empresário Thiago Araújo.
“Não é Pink Money, eu sou um homem gay. É sobre eu pensar na minha comunidade, como fortalecer, como incluir, como melhorar. A gerente do Pink Flamingo é uma mulher trans, tenho pessoas pretas em todas as esferas possíveis do meu negócio. Eu tenho um olhar consciente sobre os meus privilégios. Todos têm que se reconhecer dentro dos meus negócios, têm que se sentir acolhidos, parte do universo. Hoje em dia sou responsável pela geração de mais de 120 empregos diretos e indiretos.” É desta forma que Thiago, vencedor do Prêmio Cidadania, Direito e Respeito à Diversidade da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, enxerga seu papel na indústria criativa.
Carioca, Thiago é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2010, deu seu primeiro passo como empreendedor, ao criar o site Pheeno. Com o sucesso da plataforma, Thi, como também é conhecido, passou a investir paralelamente na carreira de DJ, empreitada que deu muito certo. A partir desse novo projeto, ele foi conhecendo a noite carioca por um outro ângulo e começou a ter contato com a ideia de administração e promoção de festas, e foi daí que surgiu a vontade de criar o seu espaço, a Treta.
A Festa Treta é um dos principais eventos do calendário LGBTQIAP+ no Brasil e no mundo. Surgiu em 2014 de maneira sútil, mas em pouco tempo tornou-se gigante. Com edições semanais no Rio e São Paulo, o projeto de Thiago já passou por 23 capitais e o Distrito Federal, além de diversas cidades no interior do país. O sucesso foi tanto, que a Treta também contou com edições internacionais, no Chile, Europa e Estados Unidos, onde acontece a cada três meses em Nova York.
Por conta das viagens internacionais graças a Treta, Thiago conheceu a cena gay em outros países e percebeu que todas as festas aconteciam cedo e em bares-baladas, conceito que não era muito popular no Brasil e não existia no Rio de Janeiro. Com a cabeça de empreendedor e sempre buscando inovação, começou a sonhar com um empreendimento nesses moldes e depois de um tempo de planejamento e investimento, nasceu a Pink Flamingo, na Rua Rodolfo Dantas em Copacabana.
O bar foi inaugurado em março de 2019. Mesmo com todas as dificuldades que vieram no ano seguinte com a pandemia, Thiago conseguiu manter o negócio e crescer durante os últimos 4 anos. “Temos finais de semanas lotados. Até nas segundas-feiras, que geralmente são dias mais tranquilos para a gente, nós temos um bom número de clientes. É impressionante.”, revela o empresário. Logo após a Pink Flamingo, Thiago apostou em outro negócio, que já é sinônimo de sucesso: o bar-balada Black Cat, também em Copacabana. Dessa vez, voltada para um público mais alternativo e underground. “Meu grande sonho é ter uma região voltada ao comércio LGBTQIA+, coisa que já é comum em outros países.”, revela.