A Guerra entre a Rússia e a Ucrânia está trazendo reflexos para o mundo todo. Mas, para compreender o papel do presidente russo nos rumos da nação é necessário levar em conta a formação histórica e social do país. Assim, à luz das transformações ocorridas na política internacional contemporânea, o professor e profissional de relações internacionais Luiz Fernando Mocelin Sperancete, mestre em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) e em Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), escreveu o livro “Rússia sob o comando de Vladimir Putin: um ensaio sobre teoria política e história”. Publicado pela editora Appris, a obra traz à tona proposições à acalorada discussão sobre a figura de Putin e o papel da Rússia no cenário internacional.
O estudo é fruto de anos de pesquisas do autor. Nele, analisa algumas das principais bases da teoria realista das relações internacionais, em busca de conceitos que possam ser aplicados ao caso da Rússia. Um dos pontos é que o país, desde pelo menos o século IX, foi comandado por lideranças com forte caráter autoritário do ponto de vista político, alternando conservadorismo e progressismo econômico, além de mínima homogeneidade cultural, lograda com a difusão do cristianismo ortodoxo por séculos.
Além do fator histórico-social e político-teórico, Luiz Fernando também destaca o forte apelo ao nacionalismo e à ideologia nacional que o presidente vem promovendo no país. “Ao tentar interpretar posições russas sob o comando de Putin, é necessário compreender qual a real dinâmica da política internacional contemporânea. Afinal, o advento da globalização não gerou a propalada harmonia entre as nações, muito pelo contrário, aprofundou assimetrias e intensificou tendências polarizadoras que já vinham desde, pelo menos, a década de 1980”, explica o autor, que também é doutorando em Ciências Sociais, Relações Internacionais e Desenvolvimento na Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da USP, e do Núcleo de Análise de Conjuntura Internacional da PUC-SP, o autor descreve ainda os principais movimentos na política interna da União Soviética, seguidos pelos anos da Federação Russa pós-soviética. Por fim, faz análise de Putin, do seu governo e, especialmente, da sua política externa e de como o país se projeta no mundo.
“Putin tem buscado expandir o poder russo, perdido com a implosão da URRS nos anos 1990, desde que chegou à presidência, em 2000. As grandes potências que se encontram insatisfeitas com sua posição internacional buscam implementar, quando capitaneadas por lideranças contestadoras, uma política de desestabilização a seu favor. Por outro lado, Putin promove medidas com vistas a projetar seu poder sobre o exterior, com política de demonstração de prestígio internacional, por meio de exercícios e desfiles militares, como aconteceu antes da guerra da Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022”, lembra Luiz Fernando.
Sobre o autor: Profissional de Relações Públicas, Mestre em Ciência Política pela PUC-SP e em História Econômica pela USP, doutorando em Ciências Sociais (linha de pesquisa relações internacionais e desenvolvimento) na UNESP, pesquisador do LEA (Laboratório de Estudos da Ásia) da USP e do NACI (Núcleo de Análise de Conjuntura Internacional) da PUC-SP.