13/12/2022 às 10h56min - Atualizada em 14/12/2022 às 00h07min

O que fazer em caso de alagamentos

Professor da FEI comenta atitudes e possíveis soluções para combater alagamentos decorrentes das fortes chuvas de verão

SALA DA NOTÍCIA Gabriel Bacci
Desde o final de novembro, vemos o potencial destrutivo das chamadas pancadas de verão e, consequentemente, alagamentos em vários estados do Brasil. De acordo com o professor de Hidrologia do curso de Engenharia Civil da FEI, Fernando Ribeiro, para combater esse problema que afeta as cidades, todos os anos, é preciso adotar políticas públicas voltadas para o uso de tecnologias de mapeamento de locais de risco, previsão e simulação de eventos extremos do clima.

”A disciplina de Hidrologia propõe e estimula um pensamento diferente para lidar com as chuvas. Antes de projetos, precisamos de conscientização e conhecimento profundo dos fenômenos climáticos”, destaca. O professor ainda ressalta a experiência de simular computacionalmente as situações de alagamentos e caracterização de bacias urbanas. “Não podemos partir do pressuposto que conhecemos bem os fenômenos climáticos somente porque há exemplos históricos. Precisamos de ferramentas para modelagem, simulação e análise que nos possam orientar e mostrar caminhos, não soluções.” explica.

Para Fernando Ribeiro, os projetos desenvolvidos pelas cidades ao longo dos anos têm sido paliativos porque grandes obras são caras e pouco efetivas, como os piscinões, por exemplo. “Muitas cidades exigem a construção de caixas que possam retardar o lançamento das águas pluviais para não sobrecarregar as redes de coleta, solução que também é pouco efetiva. Um ponto que agrava ainda mais a situação dos alagamentos, é o fato de sempre termos atraso em obras, que ficam anos paradas e, evidentemente, não estão colaborando para a melhoria das condições de mobilidade durante as chuvas”, defende o professor. 

Segundo o especialista da FEI, o planejamento tem que passar por intervenções urbanas mais efetivas e baratas e novos modelos de parcerias público-privadas têm que ser pensados com urgência. Ele acredita que, a curto prazo, só resta buscar os históricos de eventos extremos e simular cenários para conhecimento específico dos locais de risco, algo como a previsão do tempo, porém, para outras grandezas como precipitação, deslocamentos e saturação em encostas. “

A conscientização da população em relação ao lixo jogado nas ruas também é outro ponto crucial levantado pelo especialista da FEI. Para ele, esse é um problema enorme e que não deve ter resolução imediata porque falta manutenção corretiva que dê conta da limpeza de dispositivos de drenagem. “Enquanto a população não pensar no coletivo isso não se resolve”, conclui.
 
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