29/09/2022 às 17h38min - Atualizada em 30/09/2022 às 00h00min

Imagens mostram rachaduras em ponte do AM dias antes de desabamento; VÍDEO

Dnit recomendou que apenas veículos pesados deixassem de passar, mas não impediu tráfego. Para engenheiro, estrutura deveria ter sido interditada.

AMAZONAS
https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/09/29/imagens-mostram-rachaduras-em-ponte-do-am-dias-antes-de-desabamento-video.ghtml

Dnit recomendou que apenas veículos pesados deixassem de passar, mas não impediu tráfego. Para engenheiro, estrutura deveria ter sido interditada. Vídeo mostra rachaduras na ponte que liga Amazonas ao restante do país antes da queda
A ponte que caiu no Amazonas e deixou quatro pessoas mortas e ao menos 15 desaparecidos deveria estar interditada. Essa é a opinião de engenheiros especialistas consultados pelo g1 que analisaram as imagens do local e do acidente. A estrutura faz parte da BR-319, único acesso do Amazonas ao restante do país, e apresenta problemas há décadas.
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No início da semana, o trecho apresentou rachaduras, parte do entorno cedeu e a ponte teve uma interdição parcial feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Apesar disso, antes da queda que derrubou ao menos 12 veículos no rio, havia apenas uma recomendação de que veículos pesados não usassem a pista.
Ponte desabou na quarta-feira (28), na BR-319, no AM.
William Tavares/Rede Amazônica.
Imagens que o g1 teve acesso mostram que, um dia antes do desabamento, a estrutura apresentava rachaduras. (Veja a imagem abaixo) E, uma hora antes da queda, moradores filmavam a pista no entorno da ponte com rachaduras e buracos onde a terra havia cedido.
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Queda de ponte na BR-319, no AM: saiba quem são as vítimas
De acordo com o Governo do Amazonas, a ponte desabou nas primeiras horas da manhã da quarta-feira (28), na BR-319, no município de Careiro (a 102 quilômetros de Manaus). Veículos que tentavam realizar a travessia no momento do acidente caíram no rio.
Apesar da recomendação do Dnit para que veículos pesados não usassem a ponte, o motorista Ricardo Sobreiro, sobrevivente do desabamento, afirmou em entrevista à Rede Amazônica que caminhoneiros estariam parados na ponte, bloqueando o fluxo de veículos, no momento do acidente. O g1 questionou o órgão, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Foto mostra rachaduras na estrutura no dia que antecedeu desabamento.
Divulgação.
Para o engenheiro civil Frank Araújo, do Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas (Crea-AM), o trânsito deveria ter sido completamente bloqueado, especialmente nos dias que antecederam o acidente.
"É uma situação grave, e o que nós entendemos que o Dnit se preocupou em não cessar o trânsito em definitivo naquele trecho. Na realidade, esse trânsito deveria ter sido proibido já há algum tempo, principalmente nesses últimos dois dias quando a situação era bem grave", afirmou o engenheiro.
"A grande questão é que nós precisamos de manutenção. Essas estruturas precisam de manutenção. As fotos e os vídeos aos quais tivemos acesso demonstram a necessidade de manutenção. Então podemos afirmar que a falta de manutenção contribui para que ocorram acidentes, infelizmente, dessa magnitude", concluiu Frank Araújo.
Bombeiros ainda procuram por desaparecidos no rio onde a ponte desabou no AM
Segundo a engenheira civil Keile Araújo, além da falta de manutenção, aspectos naturais também ajudaram a comprometer a estrutura da ponte.
"Aspectos como os fenômenos da cheia e da seca, por exemplo, interferem nas condições do solo na região da cabeceira da ponte, e consequentemente na sua estrutura. Porque quando se compromete uma fundação, a estrutura começa a trabalhar com sobrecarga."
Imagens aéreas mostram local de desabamento de ponte no Amazonas
Vítimas e desaparecidos
Três vítimas que morreram no acidente já foram identificadas pela polícia. Trata-se do motorista Marcos Rodrigues Feitosa, de 39 anos, da servidora pública aposentada Maria Viana Carneiro, de 66, e do cirurgião-dentista Rômulo Augusto de Morais Pereira, de 36.
As vítimas chegaram a Manaus em uma balsa no começo da noite de quarta (28) e foram levadas para o Instituto Médico Legal (IML). Eles já foram liberados para as famílias.
O Corpo de Bombeiros do Amazonas afirma que busca entre oito a 15 desaparecidos no local do acidente. Desde quarta (28), cerca de 40 bombeiros trabalham na procura por novas vítimas.
Desabamento de ponte no Amazonas deixa pelo menos 3 mortos e 14 feridos
Pelo menos 12 veículos afundaram com o desabamento da ponte, e há relatos de pessoas presas nas ferragens. Por isso, é possível que o número de mortos aumente conforme as buscas são realizadas.
Além disso, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que 14 vítimas do acidente já receberam ou recebem atendimento médico em unidades hospitalares do estado.
Histórico
Criada durante a Ditadura Militar, a estrada surgiu com a proposta de integrar o Amazonas ao resto do país, mas sofre há décadas com falta de estrutura para tráfego. Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro prometeu asfaltá-la.
Inaugurada em 1976, a BR-319 é conhecida pelos diferentes problemas enfrentados ao longo do anos. Trafegar pela estrada que liga a capital do Amazonas às outras regiões do Brasil é sempre um desafio para os motoristas.
Passado mais de três anos e meio desde que o presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiu o cargo, a promessa de asfaltamento da BR-319 ainda não saiu do papel.
Grande parte da rodovia segue imprópria para o trânsito de veículos em meio a impasses ambientais e burocráticos. São cerca de 900 quilômetros que separam Manaus de Porto Velho (RO), uma distância que poderia ser percorrida em 12 horas de carro. A recuperação da área está estimada em R$ 1,4 bilhão.
A rodovia possui diversos trechos danificados e não tem pavimentação em quase toda a sua extensão, o que provoca atoleiros "gigantes" no período chuvoso. Já no período de estiagem, os motoristas reclamam de outros problemas: buracos e poeira.
Cratera se abriu e interditou rodovia BR-319, em 2021.
Arquivo pessoal
Durante a crise de oxigênio, por exemplo, quando os hospitais de Manaus ficaram sem oxigênio por conta de um novo surto de Covid-19, um comboio que levava oxigênio para a capital do Amazonas pela BR-319 enfrentou dificuldades no trajeto. Os veículos, que deveriam cruzar 800 km em 36 horas, levaram mais de cinco dias na estrada e chegaram a Manaus com atraso, por conta de atoleiros.
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Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/09/29/imagens-mostram-rachaduras-em-ponte-do-am-dias-antes-de-desabamento-video.ghtml
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