29/09/2022 às 14h29min - Atualizada em 29/09/2022 às 22h24min

Jovens aprendem política para fortalecer os territórios amazônicos

Jovens de realidades diversas se reúnem para aprender sobre incidência política com foco em uma atuação mais efetiva em seus territórios

SALA DA NOTÍCIA Nice Castro
divulgação
As eleições, no Brasil, vão acontecer em outubro com 156,5 milhões de brasileiros aptos a votar. Entre os jovens de 16 e 17 anos, que não são obrigados a votar, a proporção dobrou da última eleição para essa e são, aproximadamente, 2,1 milhões de pessoas, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). “A importância do voto é inegável, mas é apenas uma das maneiras de atuação política. Melhorar o entorno também é uma forma de agir”, diz Fabiana Prado, coordenadora do LIRA - Legado Integrado da Região Amazônica, do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas.

Mas para isso, é preciso entender como atuar. Esse é um dos objetivos do curso Formação de Jovens Lideranças Fortalecendo Territórios Amazônicos, organizado pelo LIRA/IPÊ. O curso reúne indígenas, ribeirinhos, extrativistas e ativistas participaram do curso em busca de novos conhecimentos para melhorar o entorno e trazer desenvolvimento sustentável e pretende atender à necessidade de qualificar a atuação do jovem para o advocacy principalmente na agenda socioambiental.

Advocacy ou, em português, incidência política é uma prática do sistema democrático que visa estimular a formulação de políticas públicas efetivas que tragam impactos positivos frente às causas e direitos defendidos por indivíduos, organizações ou grupos. Para que seja exercida de maneira plena, é preciso ter uma base de conhecimento e informações, inclusive sobre a legislação, relacionados ao tema.

Segundo Fabiana Prado, a ideia é conectar jovens formando em uma rede e construir saberes para atuação dentro das diferentes instâncias de incidência política nos temas de governança, biodiversidade e gestão de territórios, além de trazer conteúdo para o domínio da linguagem jurídico-administrativa. “Um dos módulos do curso foi destacado para tratar sobre a comunicação e a compreensão da linguagem jurídica. O Estado é baseado em regras jurídicas que são herméticas e distantes, mas a compreensão delas é fundamental para fazer o direito se tornar efetivo. É preciso entender para poder pressionar e mesmo encontrar órgãos de facilitação”, diz.

Marcelo Rodrigues, cientista social e professor do curso conta que eles tinham três expectativas principais: mudar a visão de que política é algo negativo e trazer a compreensão de que é algo necessário; fazer com que esses jovens se reconheçam como atores políticos e percebam a possibilidades de articulação entre eles e trazer a reflexão sobre as possibilidades que eles têm de atuação política. “Senti enorme satisfação quando um aluno indígena, que costumava ficar calado, disse ter entendido que é a política que busca a pessoa, não a pessoa que busca a política. Ele compreendeu que não temos escapatória, ela está nas nossas vidas, quer a gente queira, quer não”, afirma.

O Seminário de Abertura aconteceu presencialmente em junho em Manaus. Os outros sete módulos estão sendo feitos de maneira virtual e, segundo Marcelo, foi um desafio. “A realidade de muitos ali é de pouquíssima conexão e, mesmo quando conseguem acesso, não é possível fazer o download do material, por exemplo. Mesmo assim, é muito bonito ver a perseverança e comprometimento desses jovens com o curso”, diz. Pensando nisso, ainda na fase de ambientação, um dos temas abordados foi a importância da internet para se exercer a cidadania. “Além de ter acesso, é preciso entender a plataforma para poder se utilizar dela”, afirma Marcelo.

Como resultado final os alunos irão elaborar um plano de ação para seus territórios que serão acompanhados depois pelo LIRA. 

Conteúdo do curso:
  • Ambientação do curso - o que é EAD, internet e cidadania
  • Seminário sobre as histórias das ocupações da Amazônia
  • Compreensão do Estado Brasileiro e sua presença na Amazônia
  • Comunicação politica e ação local
  • Convenções do clima – como, a partir da política internacional é possível mudar o meu entorno.
  • Comunicação e compreensão da linguagem jurídica
  • Criação dos planos de ação de incidência política
  • Incidência Política – casos inspiradores
  • Fechamento do curso:  análise conjuntural do cenário político atual 
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  • Sobre o LIRA
  • O LIRA é uma iniciativa idealizada pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, parceiros financiadores do projeto. Os parceiros institucionais são a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amazonas - SEMA-AM e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – IDEFLOR-Bio. O projeto abrange 34% das áreas protegidas da Amazônia, considerando 20 UCs Federais, 23 UCs Estaduais e 43 Terras Indígenas, nas regiões do Alto Rio Negro, Baixo Rio Negro, Norte do Pará, Xingu, Madeira-Purus e Rondônia-Acre. O objetivo do projeto é promover e ampliar a gestão integrada para a conservação da biodiversidade, a manutenção da paisagem e das funções climáticas e o desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais. Mais informações: https://lira.ipe.org.br/

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