12/09/2022 às 18h58min - Atualizada em 13/09/2022 às 00h01min

Venture Capital não é Private Equity

Por Carlos Castro*, CEO do apepê

SALA DA NOTÍCIA Luiza Menezes
Carlos Castro, CEO do apepê. Divulgação/apepê

Pois é, mais um artigo que se inicia com o termo “e o inverno chegou”. E chegou mesmo! Pandemia que gera crise mundial, que gera alta da inflação e escalada dos juros, é o cenário perfeito para a volatilidade do mercado. E o resultado prático: investidores bem mais criteriosos, procurando startups que já possuam um certo cenário de tração, ou seja, resultados consistentes.

Vejo claramente que as torneiras se fecharam. Tivemos um recuo médio de 51,8% do volume investido pelos Venture Capital, comparando o primeiro semestre de 2022 com o de 2021. Isso dá, mais ou menos, um recuo de R$22,4 bilhões para R$11,6 bilhões.

Mas mesmo diante deste cenário, cabe-me aqui indagá-los. O que é um Venture Capital? São fundos de capital de risco, uma modalidade de investimentos alternativos que investe essencialmente em startups, comprando uma participação minoritária, com o objetivo de valorizar estas ações num futuro e, consequentemente, saírem da operação. É um stakeholder de extrema importância neste mundo de startups que atuo, pois sem eles, é muito difícil tirar do papel aquilo que estudamos e planejamos. 

Gostaria então de puxar a seguinte reflexão: se a essência é risco, por que se comportam atualmente como Private Equity? Resultados consistentes deveriam ser traduzidos exclusivamente com receitas recorrentes?

Participo diariamente dos famosos PITCH DECKS, que são apresentações com o objetivo de mostrar o produto da startup, o modelo de negócio e como estes investidores enxergam o potencial de geração de lucro. No meu caso, que sou ainda uma startup early stage, meu desafio é mostrar um problema identificado, como minha solução resolve tal problema e como consigo monetizar por este serviço.

E aqui quero ter a audácia de introduzir um novo conceito de startup. Já conhecemos as Unicórnios, as Dragões e mais recentemente as Camelos. A minha é uma lagarta. Um bicho meio feinho, que ainda devagarzinho, mas que já já se tornará um dos animais mais belos da nossa fauna: uma borboleta. Isso porque sabemos aonde queremos chegar e o que precisamos fazer para isso. Precisamos apenas de um pequeno estímulo.

Há inúmeros destes exemplos no mercado. Há muita gente ainda perdida, mas há muitas lagartas ainda soltas no ecossistema. Ainda não valemos o que demonstramos, mas apresentamos um ticket de investimento baixo, mas necessário para esta mutação. E com planejamento mercadológico e financeiro responsável, conseguimos provar esta tese.

Bravo ao Adam Newmann, ex-We Work, que conseguiu captar USD 350 milhões recentemente com seu novo projeto, chamado FLOW. Ele já existe e traz resultados consistentes? Ainda não.

Senhores venture capitalistas, não deixem se cegarem apenas pelos resultados presentes, o que não está errado! Esta fonte também está escassa! Concentrem-se em teses interessantes, cujos founders conseguem demonstrar com clareza como chegarão lá com a união de vocês. Colocando-nos apenas como produtos financeiros, o ciclo se encerrará em breve. Continua sendo uma aposta de risco, mas calculado tanto quanto.

 





*Carlos Castro é Arquiteto de Negócios, com mais de 15 anos de experiência, desenvolvendo e implementando estratégias comerciais em mercados B2B e B2C, para diversos setores empresariais, como empresas de tecnologia, bens de consumo, varejo e franqueadoras. Atualmente é CEO do apepê, proptech que atua como concierge digital condominial, um facilitador totalmente focado nas necessidades do morador.
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