11/06/2022 às 19h25min - Atualizada em 12/06/2022 às 00h00min

Comissão de direitos humanos da OEA cobra empenho na busca por jornalista e indigenista

Órgão também requisitou esclarecimentos de que ações foram tomadas para resgate do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, desaparecidos desde o dia 5.

AMAZONAS
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Órgão também requisitou esclarecimentos de que ações foram tomadas para resgate do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, desaparecidos desde o dia 5. Comissão Interamericana de Direitos Humanos pede ao Brasil que redobre os esforços nas buscas por Bruno e Dom
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu ao governo brasileiro que neste sábado (11) que "redobre os esforços" e "esclareça as ações" tomadas para localizar o jornalista britânico Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira, desaparecidos no Vale do Javari, no Amazonas, desde domingo (5).
A comissão, vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), tem o mandato de promover a observância e a defesa dos direitos humanos na região. A resolução foi enviada após o grupo considerar que a dupla está "em uma situação de gravidade e urgência de risco de dano irreparável a seus direitos".
Montagem com fotos do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips
TV Globo/Reprodução
Em nota, a entidade ressalta que o desaparecimento de ambos estaria inserido em um "contexto de violência intensificada contra defensoras e defensores de direitos humanos, jornalistas e comunicadores sociais".
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"Após as denúncias sobre o desaparecimento, a solicitação afirma que os esforços estatais não teriam sido imediatos e somente teriam se iniciado a partir da intensa mobilização da sociedade civil, da imprensa nacional e internacional e das redes sociais", diz a nota da CIDH.
"Alega-se que as medidas adotadas até o momento seriam insuficientes considerando a extensão do território e outros desafios técnicos", prossegue o texto.
A comissão, então, solicita que o governo brasileiro "redobre seus esforços para determinar a situação e o paradeiro de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips" para que seja possível "proteger seus direitos à vida e à integridade pessoal".
Além disso, que informe sobre as ações adotadas "a fim de investigar com a devida diligência os fatos alegados" e evitar sua repetição.
Assunto foi tratado entre Bolsonaro e Biden
Na manhã deste sábado, em conversa com jornalistas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira foi assunto de sua reunião bilateral com o presidente dos EUA, Joe Biden. (veja o vídeo abaixo)
"Bastante avançadas as investigações, muitos indícios talvez conduzam para o que aconteceu com o cidadão do Reino Unido e outro do Brasil", disse o presidente, ainda em sua viagem a Orlando após a Cúpula das Américas.
Criticado por entidades de direitos humanos e pela imprensa internacional, Bolsonaro voltou a dizer que o governo mobilizou esforços para localizar a dupla.
"Desde o primeiro dia, domingo, começou com a Marinha indo atrás deles, todas as forças armadas. No dia seguinte, Polícia Federal, também órgãos do estado do Amazonas. E eles tinham um percurso. Um início e um fim. E acabou não se concretizando", afirmou o presidente.
Bolsonaro faz passeio de moto com apoiadores em Orlando, EUA
Mais tarde, Bolsonaro comentou novamente o desaparecimento de Phillips e Pereira. Desta vez, disse que o local tem risco e que as pessoas "abusam" ao explorar os meandros da Amazônia. (veja o vídeo abaixo)
"Ali é um mundo. Vêm deslocados, muito ilícito na região também. Droga existe no mundo todo. Eles, quando partiram, as informações que temos é que foi acertado com a Funai. Acontece, né?", disse o presidente.
"As pessoaas abusam, né? E as coisas acontecem. Peço a Deus que sejam encontrados vivos", concluiu.
Bolsonaro sobre desaparecimento de Bruno e Dom Phillis: 'As pessoas abusam'
ONU também se manifestou
O Alto Comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos pediu na sexta-feira (10) ao governo brasileiro que "redobre" os recursos e esforços disponibilizados nas operações de buscas
A porta-voz da agência da ONU, Ravina Shamdasani, criticou a demora do governo brasileiro para iniciar as buscas e, em resposta aos comentários do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de que a dupla desaparecida fazia uma "aventura", afirmou que é obrigação do Estado proteger jornalistas e profissionais que trabalham na defesa dos Direitos Humanos.
"A resposta (do governo ao desaparecimento) foi extremamente lenta, infelizmente. Achamos bom que agora, após uma medida judicial, as autoridades tenham empregado mais meios para as buscas", declarou a porta-voz. "O Estado tem a responsabilidade de proteger o trabalho de jornalistas e de defensores dos Direitos Humanos. Eles têm a obrigação de assegurar o direito à segurança e de iniciar uma investigação".
Shamdasani disse que a agência da ONU está ainda "preocupada com o contexto mais amplo de ataques a defensores dos Direitos Humanos, ambientalistas e jornalistas no Brasil".
"O Dom Phillips e o Bruno Pereira fazem um papel importante na região, levantando alertas e inclusive monitorando e reportando atividades ilegais no Vale do Javari", completou.
Buscas seguem
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Reprodução
As buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira seguem no Vale do Javari. A perícia feita em uma embarcação apreendida encontrou vestígios de sangue, segundo o delegado do município de Atalaia do Norte, Alex Perez Timóteo. Na sexta-feira (10), as amostras serão analisadas para saber se se trata de sangue humano ou animal.
A embarcação foi usada por Amarildo da Costa de Oliveira, 41, suspeito de envolvimento no desaparecimento da dupla. Na quinta-feira (9), o Tribunal de Justiça do Amazona decretou a prisão temporária por 30 dias de Amarildo, solicitada pela Polícia Civil após investigadores ouvirem testemunhas sobre o caso.
Conhecido como "Pelado", Amarildo, de 41 anos, já está preso desde terça-feira (7), mas por outro motivo. Durante as investigações sobre o sumiço dos dois, as autoridades encontraram com ele uma porção de droga e munição de uso restrito. A família chegou a afirmar que ele estava sofrendo tortura para confessar o crime. A secretaria de segurança pública diz que apura a denúncia.
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Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/06/11/comissao-de-direitos-humanos-da-oea-cobra-empenho-na-busca-por-jornalista-e-indigenista.ghtml
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