18/05/2022 às 19h18min - Atualizada em 19/05/2022 às 00h00min

Exposições marcam os 60 anos da Greve dos Queixadas em Perus

Realizadas pela Comunidade Cultural Quilombaque, atividades envolvem mostras com esculturas de porcos queixada e placas de rua simbólicas que resgatam a história do bairro de Perus

SALA DA NOTÍCIA Mariana Mascarenhas

Imagem: Escultura de Queixada personalizada pelo artista Bonga Mac (Crédito: Ulisses Sulivan)

Você já ouviu falar na greve dos Queixadas? Trata-se de um movimento envolvendo centenas de operários da Companhia de Cimento Portland Perus – primeira fábrica de cimento do Brasil, criada em 1924, no bairro de Perus, região noroeste de São Paulo. Durante sete anos (1962 – 1969), esses trabalhadores paralisaram suas atividades, reivindicando seus direitos trabalhistas. A manifestação ganhou esse nome porque os grevistas eram conhecidos como Queixadas, fazendo alusão a um tipo de porco selvagem, que sempre lutava em grupo contra seus inimigos de forma persistente.

Desde então, a paralisação, que ocorreu em plena ditadura militar, é relembrada pela população de Perus por meio de debates e eventos culturais que visam, inclusive, ressignificar esse marco histórico por meio da construção de um Centro de Memória; a partir da reapropriação da Fábrica de Cimento da região, que foi tombada como patrimônio histórico de São Paulo, em 1992, e se encontra em deterioração.

Neste ano de 2022, em que a luta dos Queixadas completa 60 anos de história, a Comunidade Cultural Quilombaque, está celebrando esse momento por meio de duas intervenções artísticas, com o intuito de promover reflexões e recontar a história da região de forma lúdica e criativa. Trata-se do projeto Trilha da Memória.

Uma das intervenções é o Queixadas Paradeque consiste na exposição de sete esculturas de porcos Queixada, customizadas por artistas locais de diversas vertentes. São eles:  Bonga Mac, Cleiton Fofão, Danilo Guetus, Dede Ferreira, Derf, Dinas Miguel, Jana Albuquerque, Marina Lima e Thiago Consp. As obras simbolizam marcos históricos, ligados aos movimentos de luta do território, envolvendo os seguintes temas: Povos Indígenas, Movimento Queixada, Movimento Negro, Movimento MST, Meio Ambiente, Movimento de Moradia e Vala Comum. As esculturas estão sendo expostas em locais públicos de São Paulo, como praças, escolas, feiras de rua, estações de trem etc, para que as pessoas possam interagir com a arte. 

“A ideia do Queixadas Parade surgiu a partir do grande sucesso do Cow Parade, esculturas de vacas em fibra de vidro decoradas por artistas e distribuídas pelas cidades, e ficou reconhecido como a maior exposição pública do planeta, percorrendo diversas cidades mundo afora”, afirma Camila Cardoso, integrante do Quilombaque e comunicadora do projeto Trilha da Memória.

A outra intervenção artística é o Reemplaca Memo(ria), cuja proposta é renomear, de forma simbólica, as principais ruas do bairro de Perus com trinta placas comemorativas pelos 60 anos de luta dos Queixadas. “As placas trazem nomes dos e das Queixadas. Desta forma, queremos despertar a curiosidade da população por saber quem são essas  pessoas e o que elas representam. Além disso, vamos provocar uma discussão: ‘Por que não existem ruas com nomes de lideranças populares, de movimentos sociais, de artistas locais?”. questiona Dede Ferreira, idealizador e coordenador do projeto.

Assim, a Quilombaque pretende perpetuar a memória coletiva de luta dos Queixadas nas esculturas e placas expostas. As intervenções Queixadas Parade Reemplaca Memo(ria) tiveram início no dia 13/05/2022 com uma festa de abertura realizada na Comunidade Cultural Quilombaque e duração de quatro meses, com encerramento no aniversário do bairro de Perus.

Para saber os endereços das esculturas e placas, clique aqui

Sobre a Quilombaque

A Comunidade Cultural Quilombaque atua no bairro de Perus desde 2005, de forma independente e autônoma, proporcionando aos moradores do bairro oportunidades culturais e de lazer, para que eles próprios consigam descobrir perspectivas empreendedoras e emancipatórias no lugar onde moram.


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