23/02/2022 às 00h11min - Atualizada em 23/02/2022 às 12h40min
Da BMW à Porsche, as marcas de carros de luxo bateram recordes de vendas no Brasil em 2021
Os fabricantes estão lançando modelos top de linha na pandemia, vendendo modelos por até R$ 4,8 milhões
SALA DA NOTÍCIA Alvaro Vinicius Ferreira Lordelo
O setor de carros esportivos de luxo não parece estar em crise: Ferrari, BMW, Porsche e Volvo foram melhores no primeiro trimestre de 2021 do que nos primeiros três meses de 2020, embora o segmento esteja em queda de 1,7% neste trimestre. O número de unidades das 15 empresas membros da Abeifa (que agrupa importadores e fabricantes de automóveis) aumentou de 4.257 para 5.886 desde fevereiro. No caso da empresa BMW, por exemplo, houve uma ligeira diminuição no volume de veículos importados em comparação com o primeiro trimestre de 2020. Assim, o número cumulativo foi de 749 vendas em comparação com 793 no ano anterior, um decréscimo de 5,5%. Em contraste, a produção doméstica em Araquari (SC) aumentou 19,2% no mesmo período, com 2.032 vendas. Ou seja, mais 327 unidades a mais. A peça central da marca foi o sedan Série 3, que em janeiro do ano passado recebeu um motor flex – que pode funcionar com gasolina ou etanol – assim como uma chave digital que permite que as portas sejam destravadas e que o motor comece a funcionar com um telefone celular ou um relógio smartwatch. Estão disponíveis cinco configurações de modelos, com preços que vão de R$ 253.950,00 (Modelo 320i GP) a R$ 506.950 (Modelo M340i).
“Famílias com renda que ‘sustentam’ tais compras deixaram de gastar em tudo, desde restaurantes até viagens, nos últimos meses. Se eles quisessem comprar um carro em particular, eles perceberam que era a hora certa. Entretanto, não se pode afirmar que a compra de um bem valioso compensa em certa medida o lado negativo da pandemia”, explica Murilo Briganti, um dos donos da Bright Consulting. A Ferrari registrou oito vendas de carros até no início do ano passado (primeiro trimestre). Isso é apenas mais três unidades do que em 2020. Vale ressaltar, entretanto, que o F8 Tribute, o modelo mais barato lançado no país, custa R$ 3,8 milhões. E foram os R$ 4,8 milhões da conversível F8 Spider que impulsionaram as vendas da empresa até o momento: foram realizadas três vendas até março.
Porsche, entretanto, já estava indo muito bem: 2.449 carros foram vendidos em 2020, 32,4% a mais que em 2019. E, logo no início de 2021, a marca continuou a subir, com 749 vendas no primeiro trimestre, acima dos 713 do mesmo período do ano retrasado. Somente em março, 380 unidades foram vendidas, um recorde histórico com um crescimento de 90% em comparação com fevereiro. Curiosamente, o maior sucesso da empresa alemã não é o Macan, o modelo mais barato da marca, que custa R$ 379.000,00 e pertence à categoria SUV. O 911, um carro esportivo oferecido no Brasil em nove configurações e com preço de R$ 689.000,00 (Carrera) a R$1.509.000,00 (Turbo S Cabriolet), emplacou 180 unidades até março de 2021.
“As marcas de luxo sempre se concentraram na experiência do cliente, tanto no momento da compra como através de experiências e encontros exclusivos. Como resultado, a mudança para o digital tornou-se natural, rápida e muitas vezes facilmente adaptável. Por outro lado, os fabricantes de grandes quantidades estão iniciando esses processos”, diz Briganti. Quem também se saiu bem durante a pandemia foi a Volvo, que viu uma ligeira queda de 2,7% no ano de 2020 em comparação com 2019, mas se recuperou e assumiu a liderança nas importações em 2021. Foram vendidas 1.756 unidades no primeiro trimestre, 5,7% a mais do que em 2020. Mas só na comparação de março, o resultado é 88,8% melhor do que em fevereiro. “Uma grande parte dos investidores brasileiros, como sabemos, está fortemente ligada à poupança e à taxa de juros Selic. Com a taxa base naquele período estava a 2%, as pessoas chegaram a questionar este investimento e para alguns significou a hora de pegar de volta parte do valor aplicado para investir em qualidade de vida, conforto e segurança. Ou em um carro novo”, explica o sócio da Bright Consulting. De acordo com as previsões do consultor de mercado, o segmento de carros de luxo deverá continuar a aquecer nos próximos meses. Como temem outros setores da economia, um dos principais riscos previstos durante a pandemia é a falta de matérias-primas para a produção, como o aço, e também de componentes eletrônicos, o que também tem levado ao fechamento de fábricas no Brasil.