Doutora em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a professora e escritora Rossaly Beatriz Chioquetta Lorenset conduziu uma roda de conversa sobre seu recém-lançado livro "Leitura e cárcere - (entre) linhas e grades, o leitor preso e a remição de pena” (editora Appris) no presídio de Xanxerê, em Santa Catarina. O encontro aconteceu no dia 2 de outubro e contou com a participação de 10 presos e do diretor do presídio de Xanxerê, Tiaraju Luiz da Rosa Lazari. A autora doou exemplares do livro para a biblioteca desta unidade prisional.
A professora Rossaly Beatriz disse que a roda de conversa foi emocionante e muito produtiva. “ Maravilhosa essa devolutiva aos presos da minha pesquisa que virou livro. Pelos relatos deles, apreciaram e se sentiram valorizados. Um dos presos se emocionou e disse que a humanização levada ao cárcere faz a diferença na vida deles. Esse momento ficará para sempre na minha memória, imagino que na dos participantes também”, contou a professora, que coordenou pesquisa durante cinco anos no presídio de Xanxerê, em projeto de extensão de leitura do curso de Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc-Xanxerê).
O diretor do presídio de Xanxerê, Tiaraju Luiz da Rosa Lazari, destacou que a Lei de Execuções Penais expressa em seu artigo 1° que é um dever "proporcionar condições para a harmônica integração social, assim podemos afirmar que a ressocialização está fortemente sustentada em três pilares, que são: Deus, Educação e Trabalho. E nossa missão como policiais penais é fornecer meios para que esses três pilares se concretizem, não se pode admitir que uma pessoa passe por um período longo de sua vida privado da liberdade e, ao sair, saia igual ou pior do que quando entrou. O livro Leitura e Cárcere é uma grande demostração de que o estado de Santa Catarina tem efetivamente buscado meios para transformar a vida das pessoas presas, abrindo as portas para que a sociedade civil organizada possa auxiliar nesta árdua missão”, completou.
O preso L.A., que participou da roda de conversa, disse que a leitura carcerária é projeto que não só reduz a pena, mas que leva à liberdade mental, alivia a tensão das grades e ajuda a esquecer os problemas. “Estamos presos fisicamente, não mentalmente. Com a leitura algo acontece e mesmo preso viajo por vários mundos, me sinto livre pra sonhar, me emociono com as histórias escritas por alguém. A leitura liberta a alma e abre as portas para um futuro melhor.”
No livro “Leitura e Cárcere”, a professora e pesquisadora de Língua Portuguesa na Unoesc- Xanxerê mostra a experiência em projeto de leitura e remição de pena com presos, que resultou em seu trabalho de doutorado. E aborda também mínimas condições de leitura no cárcere e os desafios para o Brasil avançar na remição de pena por meio da leitura.
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MARIA CRISTINA DA SILVA MELLO
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