03/10/2024 às 11h36min - Atualizada em 07/10/2024 às 00h00min

Inversão da pirâmide etária: nossas cidades estão preparadas? 

Rafaela Aparecida Almeida

VALQUIRIA MARCHIORI
Rodrigo Leal

O Brasil está vivenciando uma transformação demográfica silenciosa, mas profunda: a inversão da pirâmide etária. Com o aumento da longevidade e a queda das taxas de natalidade, estamos caminhando para um cenário onde a população idosa será mais numerosa do que a jovem. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais de idade cresceu 57,4% em 12 anos. O total de pessoas dessa faixa etária chegou a cerca de 22,2 milhões de pessoas (10,9%) em 2022 contra 14 milhões (7,4%) em 2010, com uma expectativa de vida em torno de 76,4 anos.  

Diante desse cenário, será que a infraestrutura urbana das cidades brasileiras está sendo devidamente planejada e adaptada para atender às necessidades de uma população cada vez mais idosa? 

Um dos primeiros aspectos a serem considerados é a mobilidade urbana, especialmente no que diz respeito à acessibilidade das calçadas, como garantia de deslocamentos seguros e com autonomia. Nesse sentido, é essencial que as calçadas e passeios sejam adaptados às suas necessidades. Para isso, alguns critérios fundamentais devem ser considerados: 

Acessibilidade: as calçadas devem ser projetadas de forma que os idosos possam utilizá-las de maneira autônoma e segura, com guias rebaixadas nas travessias ou travessias em mesmo nível, calçadas com inclinações adequadas e sinalização tátil. 

Manutenção: relacionada a presença e manutenção das calçadas, o que inclui a ausência de buracos, rachaduras ou superfícies escorregadias e a garantia de pavimentos com superfície regular, estável e antiderrapante. 

Conectividade: referente à condição de continuidade do trajeto, permitindo que o percurso seja percorrido de forma autônoma e independente. Considerando um trajeto fluido, sem obstáculos e com sinalização com tempo ajustado para travessia de idosos.  

Segurança: pertinente à sensação de segurança, real e percebida. Iluminação adequada, áreas com maior circulação de pessoas e espaços públicos que incentivem a convivência são fatores importantes para aumentar essa sensação de proteção. 

Ambientação: o ambiente das calçadas deve ser acolhedor, com áreas de convivência, bancos para descanso, sombra proporcionada por árvores e um entorno agradável. Isso não só melhora a experiência de quem caminha, como também convida os idosos a utilizarem mais o espaço público. 

Diante da inversão da pirâmide etária, adaptar as cidades à realidade de uma população cada vez mais idosa é uma necessidade urgente e inadiável. A falta de infraestrutura adequada, como calçadas acessíveis e espaços públicos inclusivos, impacta diretamente sua qualidade de vida e sua participação na sociedade. Não se trata apenas de melhorias pontuais, mas de uma transformação profunda na maneira como planejamos e vivemos nossas cidades. 

 *Rafaela Aparecida de Almeida é doutora em Gestão Urbana e professora no Centro Universitário Internacional Uninter. 


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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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