Após a maior seca dos últimos 100 anos ser registrada em 2023, especialistas apontam que os níveis atuais dos rios Amazonas, Acre, Negro e Solimões podem levar a região a um novo recorde de vazante neste ano. Segundo o ambientalista Carlos Durigan, a intensificação dos efeitos do aquecimento global nas últimas décadas tem feito com que a população vivencie períodos extremos e causadores de grandes transformações nos ciclos de chuvas e, consequentemente, nos regimes hidrológicos dos rios na Amazônia.
“Somente neste período curto inicial da década de 2020, já tivemos a maior cheia em 2021 e a maior seca em 2023. A seca de 2023 teve seu agravante relacionado também a um período sob efeito El Niño, fenômeno relacionado a secas mais intensas sobre a região”, explicou o ambientalista.
A Amazônia experimentou em 2023 a pior seca de sua história. A baixa acentuada dos níveis dos rios afetou a vida de todos os habitantes da região, dificultando o deslocamento das populações ribeirinhas, e o transporte de água, alimento e outros suprimentos essenciais. Junto com a seca vieram fortes ondas de calor.
A Amazônia já registrou neste século outros episódios de estiagem extrema e prolongada, quase sempre associados à ocorrência do fenômeno climático El Niño: a primeira em 2005, a segunda em 2010, a terceira em 2015 e 2016 e a mais recente em 2022-2023. Estes eventos afetam o bioma sob diversos aspectos. Segundo determinados quesitos, a seca que ocorreu ano passado foi a maior da história.
Um destes indicadores é o nível do rio Amazonas e de seus tributários, como o rio Negro, a margem do qual fica a cidade de Manaus. Quando o nível da água no porto de Manaus cai abaixo dos 15,80 m, os estudiosos consideram como um caso de seca severa. Nos anos de 2010, 1963, 1997 e 2005 o nível das águas baixou, respectivamente, a 13,63 m, 13,64 m, 14,37 m e 14,75 m. Pois em 26 de agosto do ano passado, as águas em frente à capital manauara alcançaram apenas 12,70 m, o menor índice desde o começo da série histórica, em 1902.