21/06/2023 às 17h15min - Atualizada em 22/06/2023 às 00h00min
Trabalhar competências socioemocionais no ambiente escolar pode evitar futuras tragédias em escolas
A Especialista na Nova Educação, Bruna Cassaro, acredita no desenvolvimento das competências socioemocionais nas salas de aula como meio de evitar futuros ataques em escolas
SALA DA NOTÍCIA Amanda Silveira
EM PAUTA
Observatório do Terceiro setor O atentado a tiros, ocorrido em uma Escola Estadual de Cambé, no Paraná tirou a vida de dois adolescentes, no início dessa semana. Para a Especialista na Nova Educação, Bruna Cassaro, o trabalho efetivo no desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais, é o principal caminho para que futuros ataques possam ser evitados. De acordo com levantamento realizado por um grupo de estudos da Unicamp, as escolas brasileiras foram alvo de 30 ataques cometidos por estudantes e ex-estudantes nos últimos 21 anos. Esses dados não contabilizam o atentado ocorrido essa semana. Dos 30 ataques, 18 aconteceram entre fevereiro de 2022 e maio de 2023. O monitoramento mostra ainda que a ampla maioria dos casos ocorreu em escolas públicas. Mas, para a Especialista os cenários das salas de aula atuais não variam muito entre escolas públicas e privadas. “Em grande parte das salas de aula, encontramos alunos agressivos, impacientes, sem habilidade para se relacionar ou intimidados e introspectivos, em um ambiente repleto de ofensas e bullying”, conta Bruna relata ainda que grande parte dos professores tem dificuldades em lidar com esse cenário e acaba repetindo o comportamento dos alunos, ao invés de intervir no momento do conflito baseando se no desenvolvimento das competências socioemocionais, um dos pilares da Nova Educação. De acordo com a especialista, a necessidade desse trabalho não se dá apenas para o bom desenvolvimento estudantil e acadêmico dessa criança ou jovem, mas reflete em toda a trajetória do indivíduo. “É preciso que professor e escola estejam atentos em como resolver conflitos. Em como resolver os desafios através do diálogo para que os alunos saibam como respeitar uns aos outros, viverem as diferenças, respeitando essas diferenças, lidando bem com as próprias emoções e com as emoções do outro”, destaca ela. É comum que na maioria dos ataques ocorridos, haja relatos de ofensas, brigas e bullying na história escolar do agressor. Um grande desafio para lidar com esses comportamentos na escola pode estar nos pais, uma vez que se disseminou o pensamento de que “as brincadeiras sempre existiram e todo mundo sobreviveu”. Para Bruna, o que acontece é que os pais muitas das vezes acabam repetindo o que vivenciaram e muitos acreditam que passaram por isso quando eram crianças e superaram essas situações. Mas, a verdade é que quando levamos isso para uma análise de fato, é possível perceber o quanto que essas situações do passado podem ter causado transtornos e problemas. “Pessoas que têm medo de se relacionar, que desenvolvem depressão, síndrome do pânico, inseguranças diversas normalmente passaram por situações de bulying, que pensaram ter superado ou não se importado”, explica. E como a gente mostra isso aos pais? Segundo Bruna Cassaro, levando a realidade para eles, através da informação. Trazendo-os para perto da escola, realizando encontros mais frequentes com especialistas e pautas sobre o que pode ajudar e ou prejudicar o desenvolvimento saudável de seus filhos. “É muito importante que a escola tenha esse papel, que leve essas informações, tire todas as dúvidas dos pais e esteja aberta para esse diálogo”, conclui a especialista.