17/03/2023 às 12h45min - Atualizada em 18/03/2023 às 00h01min

Cinema, literatura e ritmos africanos inspiram espetáculos de dança no Sesc Santo André em abril

A programação traz espetáculos da Cia Artesãos do Corpo,E² Cia de Teatro e Dança e Trupe Benkady

SALA DA NOTÍCIA maria fernanda teixeira
Bia Varella
Três diferentes companhias de dança se apresentam em abril no Sesc Santo André trazendo diversidade de linguagens e inspirações. A Cia Artesãos do Corpo traz dois espetáculos: Sr. Tati, no dia 1°/4, sábado, 16h, que mergulha no instigante mundo do ator e cineasta francês Jacques Tati; e Sr. Calvino no dia 8/4, sábado, 16h, inspirado no universo poético do escritor Ítalo Calvino. No dia 14/4, sexta, 20h, é a vez de Tudo que é imaginário existe e é e tem. Uma dança para Estamira, da E² Cia de Teatro e Dança, que parte das palavras proferidas por Estamira, personagem real do documentário de mesmo nome, dirigido por Marcos Prado (2006). E por fim, no dia 15/4, sábado, 16h, a Trupe Benkady trabalha ritmos tocados no passado e vivenciados no presente através dos movimentos tradicionais da cultura mandingue, da região da Guiné, na montagem de Sons d'Oeste. Confira a programação.

Sr. Tati
Cia Artesãos do Corpo

Criado em 2021 e tendo como inspiração o universo poético do ator e cineasta francês Jacques Tati, o espetáculo se debruça na tensão nostálgica entre passado e futuro, lançando um olhar poético para aquilo que a modernidade determinou como insignificante e assim redimensionando o valor e a importância de todas as coisas. Com uma trilha sonora repleta de músicas francesas, propõe-se o tripé dança-cinema-música criar uma atmosfera poética e repleta de imagens, movimentos e objetos cênicos que remetem ao mundo divertido e instigante de Tati e seus personagens. Essa criação é a segunda obra da trilogia das insignificâncias da companhia, iniciada com o espetáculo Senhor Calvino (2013).

Ficha Técnica:
Direção: Mirtes Calheiros. Elenco: Dawn Fleming, Ederson Lopes, Fany Froberville, Hiro Okita, Leandro Antonio e Mirtes Calheiros. Pesquisa Musical: Marcelo Catelan e Elenco. Sonoplastia: Marcelo Catelan. Cenografia e objetos cênicos: Fany Froberville e Hiro Okita. Produção: Ederson Lopes.

Dia 1º/4, sábado, 16h
Duração: 30 minutos

Classificação etária: Livre. Grátis – sem retirada de ingressos.
Livre - Autoclassificação
Não recomendado para menores de 12 anos – Autoclassificação
Área de Convivência.

Link com fotos: https://postimg.cc/gallery/c8jN57K
Crédito: Fabiano Pazzini

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Sr. Calvino
Cia Artesãos do Corpo


Criado em 2013, o espetáculo Sr. Calvino tem como inspiração o universo poético-urbano do escritor Ítalo Calvino, mais especificamente Marcovaldo e Palomar, cujos personagens de mesmo nome, se detêm cada um a seu modo, nos pequenos detalhes presentes no cotidiano das cidades, que normalmente são ignorados pela maioria de seus habitantes, mas que traduzem e refletem o mundo contemporâneo e a existência humana. A Cia Artesãos do Corpo com o telescópio ao contrário de Palomar e os sonhos mirabolantes de Marcovaldo, veem em meio às pessoas que passam pelas ruas cenas de sonhos, transformando a rua ou praça num caleidoscópio de cores e situações surreais.

Sr. Calvino é uma peça que irá dançar a rua, seus personagens e seu cotidiano, através da observação daquilo que está presente no meio urbano mas permanece ignorado pela maioria das pessoas, seja pela velocidade dos percursos, seja pelo cansaço da vista acostumada aos mesmos trajetos, seja pela crença de que são apenas detalhes e que não interferem em suas vidas ou na vida da cidade. O que hoje ganhou o status de detalhe, dão pistas preciosas sobre como a cidade está tratando seu presente, como ouve seu passado (pois em algum momento esse detalhe era importante) e como se encaminha para o futuro. Eles contêm, assim como os grandes acontecimentos, elementos significativos para contar a história de uma cidade. Para tanto, dois personagens do universo do escritor Ítalo Calvino, irão inspirar o público: Marcovaldo com um olhar mais poético e distraído para as coisas e Palomar com um método minucioso de observação. Sr. Calvino foi contemplado com o Prêmio Funarte Artes Cênicas nas Ruas.

Ficha Técnica:
Direção: Mirtes Calheiros. Intérpretes: Dawn Fleming, Ederson Lopes, Fany Froberville, Hiro Okita, Leandro Antonio e Mirtes Calheiros. Sonoplastia: Marcelo Catelan. Figurino e cenografia: Cia. Artesãos do Corpo. Projeto Gráfico: Bruno Pucci.

Sobre a Cia. Artesãos do Corpo
Criada em 1999, pela bailarina e socióloga Mirtes Calheiros, a companhia é formada por bailarinos, performers, atores e pesquisadores de artes cênicas, em criações pensadas para provocar a sensibilidade e a consciência para temas de interesse no mundo contemporâneo. Utilizando o palco e locais não convencionais como espaços de atuação, a companhia investiga a diluição das fronteiras entre dança-teatro-performance e os processos de influência, alteração e diálogo entre o corpo e a cidade. Atualmente, o núcleo dedica-se à pesquisa de estados físicos e meditativos que estimulem o intérprete à criação cênico-coreográfica, a partir de situações de presença e sua posterior ressignificação para a cena, com diferentes abordagens de treinamento, especialmente de percepção corporal oriental (aikido, yoga, tai chi, chi kung, sei-tai-ho).

Dia 8/4, sábado, 16h
Duração: 30 minutos

Classificação etária: Livre. Grátis – sem retirada de ingressos.
Área de Convivência - Livre – Autoclassificação


Link com fotos: https://postimg.cc/gallery/p5nPK1c
Crédito: Fabiano Pazzini
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Tudo que é imaginário existe e é e tem. Uma dança para Estamira
E² Cia de Teatro e Dança. Eliana de Santana

No filme Estamira, obra de referência para a criação do solo Tudo que é imaginário existe e é e tem, vê-se na boca de Estamira o poder da palavra, sua indignação diante das violências que sofreu, mas, sobretudo, o poder de criação e resistência de seu testemunho. Vítima de exclusão e violência, Estamira é alçada às esferas da visibilidade por meio de uma obra artística, um documentário, mas sua condição de ser excluído e anônimo permanece inalterada. Tudo que é imaginário existe e é e tem parte das palavras proferidas por Estamira no documentário de mesmo nome, dirigido por Marcos Prado (2006). A criação deste solo vem aprofundar um lugar da pesquisa onde a palavra (escrita ou cantada) é referência para as diversas possibilidades de construção no corpo e na cena. Em anos anteriores, essa mesma pesquisa resultou nas peças: Tragédia Brasileira (Manuel Bandeira), "e das outras doçuras de deus" (Clarice Lispector), Onde os Começos? (Hilda Hilst), Baleia (Graciliano Ramos), A Emparedada da Rua Nova (Carneiro Vilela) e Música para Ver (Gilberto Gil), que foram criadas a partir de obras literárias e buscaram espelhar uma poética brasileira revelada naqueles textos e poemas.

Este trabalho dá prosseguimento a uma investigação iniciada em anos anteriores onde a palavra é o mote inicial para as construções no corpo e na cena. Se anteriormente se inspiraram em obras literárias como Vidas Secas de Graciliano Ramos, contos de Clarice Lispector ou poemas de Manuel Bandeira, agora, partiram da fala incendiária e ao mesmo tempo assertiva e desconcertante de Estamira, personagem da vida real apresentada no filme Estamira, de Marcos Prado.

Sobre a E2 Cia de Teatro e Dança
A E2 Cia de Teatro e Dança, dirigida por Eliana de Santana é um núcleo atuante na cidade de São Paulo desde 1996. Realiza uma pesquisa em dança contemporânea que tem como ponto de partida a referência/inspiração na literatura brasileira e na obra de diversos artistas visuais, investigando poéticas ligadas à temática do sujeito anônimo. Artista da cena, intérprete e coreógrafa, Eliana da Santana iniciou-se no teatro em 1984, estudando e trabalhando com diretores como Antunes Filho (CPT), Antônio Abujamra (no espetáculo “A Serpente”) e Gerald Thomaz (no espetáculo “Un Glauber”). Em 1996 estreia “Tragédia Brasileira”, seu primeiro trabalho autoral de dança, inspirado em texto homônimo de Manuel Bandeira, pesquisa que teve apoio da Bolsa Rede Stagium. Criou o solo “Das Faces do Corpo”, inspirado na obra fotográfica de Arthur Omar, pesquisa contemplada com a Bolsa Vitae de Artes. Em novembro de 2006 estreia o trabalho “Francisca da Silva de Oliveira – Chica da Silva – Um Esboço”, pesquisa contemplada com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna. Em 2008/2009, Eliana de Santana cria “... e das outras doçuras de deus”, inspirado em crônicas de Clarice Lispector. Com este espetáculo Eliana recebeu em 2011 o Prêmio APCA na categoria Intérprete Criador em Dança. 

Dia 14/4, sexta, 20h
Duração: 60 minutos

Classificação etária: 16 anos
Ingresso - R$30,00 (inteira) / R$15,00 (meia-entrada) / R$9,00 (credencial plena)
Teatro - Não recomendado para menores de 16 anos – Autoclassificação.


Link com fotos: https://postimg.cc/gallery/Gh9pVhp
Crédito: Hernandes Oliveira (moça na cadeira) e Isabelle India (flores)

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Sons d'Oeste
Trupe Benkady


O espetáculo experimenta timbres da natureza, trabalhando ritmos tocados no passado e vivenciados no presente através dos movimentos tradicionais da cultura mandingue, com ênfase nas etnias Malinké, Baga e Sussu, da região da Guiné Conakry, reconhecida mundialmente por seus balés. Com dança e música tradicional, o trabalho traça, sob a ótica deste peculiar povo do oeste africano, um cenário das situações sociais mandingues, dentre as quais algumas também são encontradas no Brasil, revelando as semelhanças entre nossa cultura e uma das nossas culturas de origem, a cultura africana. A dança é inspirada nos rituais cerimoniais dos povos da Guiné. Na cultura dessa região, a música e a dança fazem parte do cotidiano e das ocasiões sociais como batismos, iniciações, casamentos, trabalho no campo.

Ficha Técnica:
Concepção e Direção:  Flávia Mazal. Direção musical: Hiles Moraes. Dançarinos:  Flávia Mazal; Mavi Ramos; Facinet Touré; Ton Moura; Alessandro Mesquita e Jheff Gomes. Músicos:  Hiles Moraes; Leandro Santos;  Nicolas Lima; Joan Barros. Cantora: Sarah Roston.

Sobre a Trupe Benkady
Trupe Benkady é um grupo de pesquisa em dança e ritmos de matriz africana, em especial a cultura Mandeng, das etnias Malinké, Soussou e Baga, povos da Guiné Conakry, país que se situa ao oeste da África. Fundado e coordenado pela dançarina e coreógrafa Flavia Mazal, pesquisadora desta cultura, que através do estudo aprofundado de mais de 17 anos, coreografou releituras das danças tradicionais dos balés da Guiné Conacri, e aplicou nas suas aulas de dança africana e na Trupe Benkady. O grupo iniciou sua trajetória em 2010, realizando intervenções artísticas e apresentações em espaços públicos - praças, avenidas, universidades, calçadões, centros comunitários da cidade de São Paulo - equipamentos culturais públicos (Casa de Cultura), eventos municipais (Virada Cultural) e privados (Sesc).

Dia 15/4, sábado, 16h
Duração: 50 minutos

Classificação etária: Livre. Grátis – sem retirada de ingressos.
Área de Convivência - Livre – Autoclassificação


SESC Santo André – Rua Tamarutaca, 302, Vila Guiomar, Santo André. Tel. 4469-1200. www.sesc.org.br.  Estacionamento R$ 5,00 a primeira hora e R$ 1,50 por hora adicional [Credencial Plena] mediante apresentação de Credencial Plena. R$10,00 a primeira hora e R$ 2,50 por hora adicional [outros].

 
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