27/02/2023 às 09h45min - Atualizada em 28/02/2023 às 00h01min
Conheça o papel do orientador psicológico nas escolas
“Não dá para andar pra traz no processo de inclusão, a gente precisa de metodologias ativas, de alcançar todos os alunos e esse é o nosso papel, alinhar as forças”, diz Ester Almeida, psicóloga escolar que atua como orientadora escolar da Escola Canadense de Niterói
SALA DA NOTÍCIA Assessoria
Divulgação Já faz um ano do retorno às aulas presenciais... Após um período complicado, de dor, perdas e medo, alunos e professores voltaram para as salas de aula e se reencontraram. Não foi fácil, 2022 foi um ano de reajuste, alinhamentos e muita compreensão. Nunca ficou tão evidente a necessidade de uma orientação psicológica nas escolas. Empatia, acolhimento, limites e um olhar cada vez mais 360 foi imprescindível para diminuir os danos. 2023 trouxe uma certeza: o trabalho do núcleo de orientação psicológica e pedagógica precisa estar em sinergia com familiares e todo o corpo docente. Conversamos com profissionais de diversas escolas do Brasil para entender melhor como é o trabalho dessa equipe e como eles se sentem com o início de um novo ano letivo. Confira! “Resgate do prazer na aprendizagem” “A Psicopedagogia, como área que estuda o processo ensino/aprendizagem, pode contribuir com a escola na missão do resgate do prazer na aprendizagem, fazendo com que o aluno consiga ter vontade e desejo de aprender, tornando-se uma pessoa com melhores resultados”, é esse o olhar de Monica Santoro, coordenadora Pedagógica do Colégio Domus, que está localizado no Itaim, em São Paulo. A profissional reverbera o propósito dos colegas de profissão que buscam promover resgate ao lado de alunos, professores, coordenadores e familiares. Monica relembra que o psicopedagogo, assim como o psicólogo escolar e o orientador estão sempre prontos para auxiliar de forma 360 os estudantes: “O psicopedagogo está apto a atuar em prol de melhorias no processo educativo de crianças, jovens e adultos, pois ele atua nas condições necessárias para a aprendizagem: as cognitivas (abordar o conhecimento), afetivas (estabelecer vínculos), criativas (colocar em prática) e associativas (para socializar)”, explica. Também em São Paulo, o Colégio Anglo Leonardo da Vinci, tem em sua equipe a Carolina Gargiulo, psicóloga, pedagoga e orientadora educacional da escola. “No Anglo Leonardo da Vinci, trabalhamos essencialmente na orientação educacional. Trabalhamos cuidando do socioemocional dos alunos, possíveis dificuldades de aprendizagem, organização do tempo e do estudo, relações interpessoais e inteligência emocional”, detalha a profissional que tem sua fala reafirmada por Ester Almeida, psicóloga escolar, que atua como orientadora escolar da Escola Canadense de Niterói, no estado do Rio de Janeiro: “A função do psicólogo na escola é bastante complexa. Ao mesmo tempo que faz parte do nosso papel mapear e intervir nas situações de dificuldade de aprendizagem ou transtornos de aprendizagem, a gente atua também acompanhando cada aluno, com um olhar de forma individual, promovendo assim, situações adequadas de aprendizagem. A gente trabalha dentro de sala e com as famílias. Acredito que ele seja uma ponte entre os profissionais de educação, gestão da escola, alunos e famílias”. Ester faz parte do SEO - Serviço de Orientação Educacional da Escola Canadense de Niterói – e fala sobre como o processo de aprendizagem: “Como escola, queremos criar nossos alunos pro mundo. A aprendizagem ela passa pela coletividade, vida em sociedade, gestão de tempo, diversos aspectos que precisam estar no nosso radar como intervenção com os alunos. Construímos projetos, trabalhamos para além da sala de aula e incorpora a vida para a sala de aula”. Outra profissional que faz coro às colegas, é Ivone Ferreira Santos, psicóloga do Colégio Novo Tempo, de Santos, litoral paulista, ela ainda acrescenta que alguns familiares se confundem na hora de entender o real papel do orientador: “Uma dificuldade que encontro na atuação como psicóloga educacional é que a expectativa das famílias ainda é de uma abordagem clínica. Alguns pais imaginam que a psicóloga na escola também é responsável por diagnosticar, porém não é esse o propósito. Estamos sempre com um olhar voltado para o processo de aprendizagem e o quanto o emocional pode interferir no desempenho do aluno identificando necessidades de atenção especializada fora do ambiente escolar para que o estudante tenha melhores condições de alcançar êxito escolar”, explica. Empatia e cuidado Carolina Gargiulo, do Colégio Anglo Leonardo da Vinci, aposta no altruísmo como ponte na conversa com a família ao detectar algum ponto de atenção no aluno: “É muito importante ter empatia e cuidado com a família. Trazer as situações que acontecem, mostrando para os responsáveis quais caminhos procurar, dar amparo e assistência para que entendam que a escola, assim como a família, quer o melhor para a criança”, explica Carol que continua: “É essencial que demonstre para a família que entende que não é fácil a situação, mas que não encarar o problema pode ser muito pior. Nos colocamos à disposição para ajudar, e mostramos que caminharmos juntos torna o caminho leve e faz com que o aluno tenha um desenvolvimento muito melhor”. Daniela Pureza, faz parte do time de orientação educacional da Escola Canadense de Niterói e concorda com Carolina. “As famílias têm medo de que a escola esteja rotulando e na verdade a gente sabe que cada criança é diferente. A gente busca entender como cada criança aprende e como trabalhar para que ela se desenvolva da melhor forma”. No Colégio Centro de Estudos, localizado em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, Paula Joia, Psicopedagoga e coordenadora do setor psicopedagógico da instituição reforça o papel preventivo da escola: “Considerando que a escola é responsável por significativa parcela da formação do ser humano, o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar tem caráter preventivo na reorientação do processo ensino-aprendizagem, refletindo os métodos educativos. Em uma abordagem investigativa, incumbe ao psicopedagogo descobrir as causas dos problemas de aprendizagem que se apresentam na escola, além de buscar competências e habilidades para a solução das dificuldades de aprendizado e fracasso escolar”. Satisfação, aprendizado e realização As profissionais são unânimes ao responder sobre o sentimento ao realizar o trabalho de orientação nas escolas: “Realização, é muito gratificante acompanhar o aluno no seu crescimento, ver suas superações. O trabalho com a criança e adolescente torna os problemas leves. Eles nos buscam para aconselhamento, dificuldades na vida pessoal e escolar… Nossas relações se tornam estreitas e conseguimos desempenhar um bom trabalho”, relata Carolina Gargiulo. Daniela Pureza concorda com a colega de profissão: “É um sentimento muito bom, mesmo diante de situações mais difíceis, principalmente quando a gente vê a criança evoluindo e se desenvolvendo, é muito gratificante”, diz a orientadora que tem sua fala reforçada por Ester, que atua ao seu lado na Escola Canadense de Niterói: “Eu me sinto muito feliz em exercer esse papel, ele é importante e não pode ser engessado. A gente precisa estar com os alunos, criar coisas novas, trabalhar em conjunto e compartilhar. Não existe o trabalho do psicólogo, sem o professor, sem o pedagogo, sem a direção e sem as famílias. O resultado do meu trabalho vem no aluno, eu vejo quando um aluno se desenvolve, se entende e fica mais feliz”, fala Ester que vê de forma ampla e inclusive o futuro desse campo nas escolas: “É um campo científico muito interessante, construímos conhecimento compartilhado. A gente constrói novos horizontes para as escolas, escolas mais empáticas, mais coletivas, mais humana, que conheça cada aluno, e esteja atenta a cada aluno de forma individual. E todos precisam ser respeitados. Não dá para andar para traz no processo de inclusão, a gente precisa de metodologias ativas, de alcançar todos os alunos e esse é o nosso papel, alinhar as forças”. Ivone é mais uma que se sente uma privilegiada em auxiliar tantas crianças e adolescentes. “É muito gratificante participar de todo esse processo. Temos o privilégio de conhecer histórias de vida, compreender melhor cada aluno, enxergar além das aparências ou das dificuldades, construir em conjunto caminhos e possibilidades novas, ver nossos alunos desabrochando, vencendo limites, ganhando protagonismo e autonomia, crescendo e se preparando para encarar os desafios da vida”, finaliza.