Os trabalhadores de serviços hospitalares estão expostos a diversos riscos, como os riscos ergonômicos, riscos físicos, químicos e riscos biológicos. Nos hospitais, há um grande número de pessoas circulantes, além de diversos profissionais, tem os pacientes em realização de exames ou internados para algum tratamento clínico ou até mesmo cirúrgico.
Desta forma, trabalhadores de serviços hospitalares, especificamente, profissionais da saúde ao prestarem assistência podem manipular materiais perfurocortantes, como agulhas, lâminas de bisturi, entre outros materiais, altamente afiados - o que pode acarretar acidentes.
No momento de preparo de um medicamento, antes, durante ou após a aplicação do medicamento, os profissionais de saúde podem se perfurar com a agulha e esta pode estar contaminada, o que leva ao risco de o profissional de saúde adquirir alguma doença, como por exemplo a hepatite B.
Você já escutou falar sobre um profissional que se perfurou com uma agulha que foi esquecida na cama do paciente? Essa é uma situação muito grave, pois os profissionais de saúde devem estar atentos a todos os materiais que manipulam e a todo o processamento que será necessário realizar, desde a utilização até o descarte com segurança.
Segundo estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a cada ano, ocorrem 317 milhões de acidentes de trabalho; 115 trabalhadores sofrendo um acidente de trabalho a cada 15 segundos. Em todo o mundo há cerca de três milhões de exposições percutâneas (lesões provocadas por instrumentos perfurantes e ou cortantes, como agulhas, lâminas de bisturi) a cada ano, que ocorrem entre os 35 milhões de profissionais da saúde. Estudos (Prüss-Üstün, Rapiti, Hutin, 2005) apontam que há uma estimativa mundial, a partir desses dados de exposições percutâneas, de 66 mil infecções por HBV (vírus que causa a hepatite B), 16 mil por HCV (vírus que causa a hepatite C) e mil por HIV .
Esses dados estatísticos acendem um alerta para todos os profissionais de saúde e para as instituições hospitalares onde esses profissionais atuam. Isso porque, os profissionais devem agir com prudência e com segurança durante toda a sua prática assistencial quando esta envolver o uso de materiais perfurocortantes.
Quanto às instituições hospitalares, estas são também responsáveis por fornecer educação continuada sobre como se prevenir de acidentes com materiais perfurocortantes, e, principalmente, fornecer materiais adequados e seguros, com dispositivos de segurança para que os profissionais de saúde que manipulem artigos perfurocortantes estejam mais seguros.
Outros trabalhadores de serviços hospitalares, como aqueles que atuam na higiene e na coleta de resíduos, são também bastante acometidos por acidentes com materiais perfurocortantes, uma vez que pode haver um descarte inadequado. Como uma agulha que é descartada em um saco de lixo comum e quando este saco é substituído a agulha pode perfurar o saco e, consequentemente, perfurar o trabalhador. Esse é outro ponto importante a ser ressaltado, pois os profissionais da saúde precisam ser treinados sobre os recipientes adequados para que materiais perfurocortantes sejam descartados de forma correta.
Assim, compreendemos que um profissional de saúde responsável e ético é aquele que busca conhecimentos, se aperfeiçoando constantemente e trabalha com segurança, sabendo todos os cuidados necessários ao manipular e descartar materiais perfurocortantes. E, hospitais que respeitam a saúde de seus colaboradores buscam realizar ações de educação sobre o manuseio e descarte correto desses materiais perfurocortantes, diminuindo os riscos à saúde dos trabalhadores.
Louise Aracema Scussiato é bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre e Doutora em Enfermagem pela UFPR.
Na Escola de Saúde Única do Centro Universitário Internacional Uninter atua como coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Agente Comunitário em Saúde e Endemias, coordenadora de aulas práticas de campo e de estágios do curso de Bacharelado em Enfermagem.