Amarildo da Costa de Oliveira é a única pessoa detida até o momento na investigação do desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira. A mãe, o irmão e o padrasto de Amarildo afirmam que ele foi torturado pelos policiais que o prenderam. Desaparecimento de jornalista e indigenista no AM: imagem mostra Amarildo preso
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Parentes de Amarildo da Costa de Oliveira, o único preso até o momento na investigação do desaparecimento do jornalista inglês e do indigenista na Amazônia, afirmam que ele é inocente e que as autoridades estão tentando forçá-lo a confessar.
Amarildo, também conhecido como Pelado, é investigado pelo sumiço do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.
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Ele foi preso na terça-feira na casa dele, na comunidade de São Gabriel. Inicialmente, ele foi detido por posse ilegal de armas, mas depois a polícia passou a considerá-lo um suspeito pelo desaparecimento de Phillips e Pereira.
O irmão de Amarildo, Osenei, de 41 anos, fez uma visita a ele na cadeia e, em seguida deu uma entrevista para a agência de notícias Associated Press: “Ele (Amarildo) me disse que estava em casa quando o algemaram, então eles o colocaram em um barco e começaram a Atalaia do Norte. Quando eles chegaram ao córrego do Curupira, eles trocaram de barco. Eles então bateram nele, torturaram ele, afogaram ele, pisaram na perna dele e jogaram spray de pimenta na cara dele. Eles também o drogaram duas vezes, mas não sei o que usaram.”
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Osenei afirmou que queriam que Amarildo confessasse, mas que ele é inocente.
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas afirmou que não fará nenhum comentário sobre as acusações porque a investigação está sendo feita pela Polícia Federal.
A Polícia Federal ainda não respondeu as perguntas sobre essas acusações.
A mãe de Amarildo, Maria de Fátima da Costa, disse que ela estava no porto de Atalaia do Norte quando o filho chegou, levado pelos policiais. Ele estava usando um capuz, mal podia andar sozinho e estava molhado, segundo Maria de Fátima.
Montagem com fotos do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips
TV Globo/Reprodução
“Eu disse aos policiais que ele não é bandido para ser tratado daquele jeito”, afirmou.
Ela ainda disse que o sangue que a polícia afirma ter encontrado no barco de seu filho é provavelmente de um porco que ele matou há alguns dias, antes de ser preso.
Segundo a polícia, o sangue está sendo analisado em um laboratório.
Um grupo de patrulheiros indígenas que estavam com Dom Phillips e Bruno Pereira no sábado (véspera do desaparecimento) afirmou que Amarildo e dois outros homens estavam com armas, e gesticulavam mostrando esse armamento.
Paulo Marubo, presidente da Associação Javari de Povos Indígenas (Unijava) afirmou que Dom Phillips tirou fotos dos três homens nesse momento.
A família de Amarildo nega que ele estivesse exibindo as armas. O padrasto dele, Francisco Conceição de Freitas, afirmou que ele e seu enteado estavam em um barco de pesca juntos, e que Amarildo mostrou um remo, e não um rifle, para o grupo em que estavam Dom Phillips e Bruno Pereira.
Os parentes do suspeito dizem que não estava pescando no território do Vale do Javari, que é protegido, mas onde acontece pesca e caça ilegal.
De acordo com os familiares, Amarildo não tem registro criminal e ele só foi detido uma única vez, por suspeita de ter transportado drogas (mesmo essa suspeita seria infundada, segundo os parentes).
O jornalista inglês e o indigenista estavam conversando com pessoas em uma área fora da reserva e nunca entraram no território protegido, segundo pessoas que tiveram contato com eles.
A polícia estadual do Amazonas já foi acusada de execuções e ações ilegais.
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Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/06/10/familia-de-suspeito-pelo-desaparecimento-de-jornalista-ingles-e-indigenista-afirma-que-o-homem-foi-torturado-pela-policia.ghtml