Divulgação Natural do Maranhão, Jacy Leão, 29, mora em Brasília há quase 10 anos e vem se dedicando aos treinos de musculação diariamente. No campeonato realizado na Asa Sul, neste mês de junho, a competidora que teve outras 15 concorrentes, conta que foi o mais difícil de todos. “Me tornei Bi-Campeã Estadual e Campeã Overall, que é a premiação de melhor atleta da noite, com isso me classifiquei para o campeonato Brasileiro que acontecerá em Vitória-ES entre os dias 28 a 31 de julho, é o maior campeonato do país”, conta ansiosa.
A dificuldade é devido um período emocionalmente abalado, por ter ficado um tempo longe da sua filha, teve ansiedade, e foi muito complicado, porque no fisiculturismo a parte psicológica é o que comanda tudo, você precisa estar muito bem para executar tudo o que precisa da melhor forma. Dedicando à preparação, ela disse que estava indo tudo dentro do planejado, físico super encaixado, até que na última semana chamada “peak week” (semana de definição), onde ocorre o processo de hiper hidratação, redução drástica de calorias, redução de sódio, com todas essas restrições aumenta-se o período de consumo de cardio e treinamentos. “E foi justamente nessa última semana que peguei uma gripe muito forte, fiquei de cama e não pude fazer nada disso, não conseguia nem levantar. Já era quinta-feira e mesmo tomando antibióticos, não tenho melhoras, nesse dia achei que não daria mais, pensei em desistir, o Vinícius, meu treinador, e minha filha foram essenciais nesse dia, naquela noite aos prantos orei coloquei nas mãos de Deus, pedi que ele fizesse o melhor, e no dia seguinte era a pesagem do campeonato e todos os atletas obrigatoriamente devem estar presentes, milagrosamente amanheci muito bem na sexta, fui pra pesagem, no dia seguinte já era o campeonato, só que estava receosa por não ter conseguido fazer o processo da última semana, não treinei nem fiz cardio, mas a minha dedicação nas semanas anteriores me fizeram não perder o condicionamento e me tornei campeã, foi o título mais emocionante, foi o primeiro campeonato que a minha filha pôde me assistir da plateia, foi mágico vê-la gritando toda orgulhosa, só me faz ter cada vez mais certeza que estou no caminho certo”, declara a atleta.
Perguntada sobre seu sonho e projetos pro futuro, ela é enfática: “Almejo me tornar uma atleta profissional, levar o esporte a uma visibilidade maior, o esporte é capaz de mudar vidas, e se eu puder de alguma maneira contribuir para isso ficaria totalmente realizada. O sonho continua, próxima para Campeonato Brasileiro”.
Rotina
Ela divide seu tempo também entre o trabalho como representante comercial de seguros, sua filha com 6 anos de idade e tarefas corriqueiras de uma jovem mulher. “A musculação foi pra mim foi uma maneira de mudar algo que me incomodava, eu sempre fui muito magra e queria muito mudar isso, só que nessa época, ainda adolescente, morava com meus pais, sou filha única, eles um pouco protetores, não me deixavam praticar a musculação por acharem que era um ambiente predominantemente masculino”, lembra.
Ela conta que, logo que se mudou para o Distrito Federal, em meados de 2012, com seu primeiro salário, já se matriculou numa academia e desde então nunca mais parou de praticar atividade física. “Com o tempo fui começando a ver os resultados, estudando cada vez mais sobre treinamento e só evoluindo, até que o meu shape chegou num nível que as pessoas começaram a me questionar do porque não começar a competir, mas eu nunca tinha pensado a respeito”, conta a jovem que compartilha seus treinos diários nas redes sociais.
Fisiculturismo
O primeiro contato com o esporte foi em 2019, onde teve a oportunidade de assistir a um campeonato de fisiculturismo, segundo ela, foi encantamento à primeira vista. “Quando vi aquelas mulheres maravilhosas, deslumbrantes no palco. Saí decidida, era isso o que eu queria, nunca tinha tido uma sensação tão forte assim, foi surreal”, conta emocionada.
Através dessa semente plantada, procurou ajuda profissional: nutricionista e treinador. Antes fazia tudo por conta própria, começou a treinar de maneira mais direcionada, só que faltava a coragem de falar ¨vou competir”. Ela assume que tinha medo de não ter físico bom suficiente para o palco, batia a sensação de medo do que os outros falariam, eram muitas as inseguranças. Até que em 2020 conheceu seu atual namorado, que é coach, preparador de atletas. “Vendo ele fazendo acompanhamento com os atletas, admirava todo aquele processo, até que em 2021 ele sugeriu participar de um campeonato para estreantes, eu resistente, receosa como sempre, aceitei fazer a dieta de um pré-campeonato, que chamamos de pré contest,que é aquele período com menos carboidratos, redução de calorias. Foi aí que topei fazer a dieta só pra ver como o físico ficaria, mas sem a certeza que competiria”, testemunha.
Mesmo às vésperas do evento, há 4 semanas do campeonato, Jacy Leão, aceitou o desafio. Nesse primeiro campeonato, conquistou o 2º lugar, mas pra ela foi a melhor experiência de sua vida. Teve a certeza que nasceu para estar no palco. Mês seguinte tinha outro campeonato, e seu espírito competitivo queria o primeiro lugar e se dedicou pra isso e veio o pódio mais alto. Na terceira competição fui novamente campeã e Overall, os três campeonatos foram regionais. “Ainda em 2021, em novembro resolvi alçar voos mais altos, participei do primeiro campeonato nível nacional, fiquei na terceira colocação entre as melhores do país”, comemora o feito.
Segundo Jacy, o fisiculturismo é um dos esportes que mais exige do atleta, pelo fato de que é diferente de outras modalidades que você após o treinamento vai pra casa descansar pra retornar no dia seguinte. “Nós bodyboarders precisamos viver o esporte 24 horas por dia, não é só a hora do treinamento, que é inclusive a parte mais fácil do processo, você precisa ter a hora certa de se alimentar, a quantidade certa, período de sono e descanso adequados, então tudo é muito importante, o nosso esporte nós carregamos, nosso corpo reflete o nosso trabalho”, acrescenta a competidora.