10/07/2023 às 23h24min - Atualizada em 11/07/2023 às 00h02min

BR-319, rodovia conhecida pela péssima qualidade, vira atoleiro em período chuvoso

O primeiro pedido de licenciamento para asfaltar a estrada federal foi há 18 anos. De lá para cá, foram várias interrupções provocadas por suspeitas de irregularidades nas etapas do processo.

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O primeiro pedido de licenciamento para asfaltar a estrada federal foi há 18 anos. De lá para cá, foram várias interrupções provocadas por suspeitas de irregularidades nas etapas do processo. BR-319 que liga Manaus a Porto Velho vira um atoleiro no período chuvoso
Neste período de chuvas, a estrada federal que liga Manaus a Porto Velho, na região Norte do país, vira um atoleiro.
Em uma parte da estrada, passar só enfrentando o mar de lama. A BR-319 é uma rodovia federal inaugurada na década de 1970; são 885 km que ligam os estados do Amazonas e Rondônia.
Dois trechos que se estendem por mais de 450 km são considerados os mais críticos: o lote c e o trecho do meio.
“Aqui, se você der informação que a estrada está boa, com três dias ela está ruim”, afirma um motorista.
Em uma viagem de Manaus até Porto Velho, o ônibus de passageiros atolou 18 vezes. Os próprios passageiros puxam o ônibus usando um sistema de pinos e cabos de aço. Eles avançam metro por metro até tirar o ônibus do lamaçal.
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Às 22h28, a equipe estava em um trecho do quilômetro 202 da BR-319, segundo ponto onde o ônibus atolou. Nossa equipe só conseguiu andar três quilômetros com a ajuda do trator e, depois, só seguiu viagem com a ajuda de uma retroescavadeira. A viagem que deveria durar 13 horas levou três dias.
Em 2022, ainda no governo Jair Bolsonaro, o Ibama emitiu uma licença prévia para retomar a pavimentação do trecho do meio, mas faltam estudos ambientais de responsabilidade do Dnit.
"A nossa ideia é correr com todos esses estudos e projetos no próximo período chuvoso para que, no próximo verão, a gente consiga ter, aí sim, obra de pavimentação na BR-319, no trecho do meio”, diz Fabrício de Oliveira Galvão, diretor-geral substituto do Dnit.
O primeiro pedido de licenciamento para asfaltar a BR-319 foi há 18 anos. De lá para cá, foram várias interrupções provocadas por suspeitas de irregularidades nas etapas do processo. O Ministério Público entrou na Justiça várias vezes.
Ambientalistas também se preocupam com um possível aumento de atividades ilegais na região, inclusive do desmatamento, provocado pela facilidade de acesso.
“Também tem o plano para vários ramais, outras estradas ligando a BR-319, que ia levar o desmatamento bem mais longe”, diz o ambientalista e biólogo Philip Fearnside.
O Ibama diz que todas as atividades serão monitoradas; o aumento da fiscalização pode coibir qualquer irregularidade.
“Caso, por algum motivo, haja uma exploração, um excessivo desmatamento ao longo da estrada ainda no período de licenciamento, o Ibama cogita a possibilidade, inclusive, de rever sua licença prévia. Então, é muito importante que seja, de fato, demonstrada a viabilidade ambiental”, afirma Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama.
O empresário Wilson Périco diz que a pavimentação da estrada é necessária para a economia da região:
“A importância da BR-319 aqui para a região Norte começa pela integração. Você pode conectar, por terra, o estado do Amazonas ao restante do país. É uma questão de soberania nacional. Não é uma estrada nova, é uma estrada que está deteriorada. É recuperar aquilo que já funcionou, que já serviu para trazer aqui para o nosso estado turistas e para ajudar a escoar os produtos da Zona Franca, certamente trazendo mais competitividade para nossa economia”.
Quem precisa usar a BR, tem a esperança que a realidade possa mudar em breve.
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Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2023/07/10/br-319-rodovia-conhecida-pela-pessima-qualidade-vira-atoleiro-em-periodo-chuvoso.ghtml
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