18/01/2022 às 16h02min - Atualizada em 18/01/2022 às 21h40min

Único professor negro do Dpto de Ciência Política da UFRJ é excluído de participar de banca de concurso por seus pares

Wallace de Moraes problematiza o debate racial dentro da Universidade e se destaca como uma voz relevante sobre a questão afro-brasileira

SALA DA NOTÍCIA Redação

Wallace de Moraes é o único docente negro do Departamento de Ciência Política da UFRJ e um dos dois negros do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais/UFRJ, dentre 78. Fato que, segundo ele, denota o racismo institucional na UFRJ. Doutor De Moraes é coordenador do Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias, editor da Revista Estudos Libertários, membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Políticas Públicas Estratégias e Desenvolvimento e do Coletivo de Docentes Negras/os da UFRJ. 

É autor de vários livros e artigos acadêmicos, destacando-se dentre os doutores da sua área. Nesses espaços tem levado a cabo uma grande luta antirracista acadêmica, política e social, contra o que denomina de racismo epistêmico - como parte do conceito de colonialidade do saber. Assim, tem se destacado como um dos principais nomes no Brasil das lutas contra as permanências do colonialismo, chamada por luta decolonial.

O próprio prof. Wallace acabou por passar por um processo de discriminação de cunho racial na UFRJ, que mobilizou a universidade e movimentos sociais devendo interessar às redações. Sob a argumentação de que se “vitimizava por questões raciais”, acabou sendo excluído da participação de uma banca de concurso público por parte de seus pares. Diante de tamanha brutalidade racista, foi aberta uma sindicância na UFRJ para apurar os fatos e a Congregação do IFCS cancelou a banca que o excluía, bem como aprovou uma moção de desagravo em seu nome. 

Sua atuação antirracista tem incomodado muitos de seus colegas, justamente por incluir nos seus cursos autores negros e indígenas, discutindo abertamente a questão racial, até então monopólio de professores brancos nos grandes centros das Ciências Sociais. Por outro lado, tem inspirado a luta antirracista dentro das universidades e fora delas, com cursos de extensão para professores de escolas públicas que resgatam as culturas e os saberes negros e indígenas, absolutamente negligenciados nos currículos universitários. 

“Com efeito, foi criado o Quilombo do IFCS, reunindo alunos, professores e técnicos negros para receber discentes cotistas e ampará-los, pois sabemos que ainda são discriminados pela permanência do racismo institucional, refletindo séculos de exclusão social”, defende Wallace de Moraes. 


 
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