19/01/2023 às 16h36min - Atualizada em 20/01/2023 às 00h02min
Delegados de Polícia de SP começam 2023 tendo um dos piores salários do Brasil, alerta Sindpesp
Segundo ranking nacional, dos 27 estados da federação, São Paulo está em 24º lugar; para Jacqueline Valadares, presidente do Sindicato dos Delegados paulista, a falta de valorização salarial sucateia a categoria
SALA DA NOTÍCIA Simone Leone
Divulgação São Paulo, o estado mais rico do País, sendo o que mais arrecada impostos, é também um dos que paga o pior salário aos delegados de Polícia. Isto é o que aponta levantamento realizado pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp). Das 27 unidades da federação, São Paulo está em 24º lugar. O estado que melhor remunera o delegado no Brasil é Mato Grosso - 14º em arrecadação, segundo o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Em 2022, SP atingiu R$ 1,03 trilhão em arrecadação, o que lhe garante a liderança nacional neste quesito e com distância significativa do segundo colocado, Rio de Janeiro, com R$ 394,1 bilhões. Já no ranking salarial dos delegados de Polícia, o estado mais rico do Brasil figura entre as últimas posições. É o 24º colocado, com salário bruto de R$ 12.458,97 mensais àqueles que estão iniciando a carreira. O piso paulista só perde para a Bahia (R$ 11.882,15), Espírito Santo (R$ 11.260,12) e Sergipe (R$ 11 mil) - sendo os dois últimos estados indiscutivelmente menores em dimensão geográfica em comparação com SP. Os valores são referentes a junho de 2022, período mais recente da pesquisa do Sindpesp. Mato Grosso, estado que melhor paga os delegados de Polícia no País, oferece vencimento de R$ 22.446,13, quase o dobro da remuneração de SP, mesmo sendo o 14º colocado no ranking de arrecadação de impostos de 2022, com R$ 42,2 bilhões. Já o Rio de Janeiro paga R$ 20.590,59 de salário aos delegados, estando, assim, na 6ª posição do levantamento do Sindpesp. Investigadores e escrivães da Polícia Civil paulista também estão entre os que têm os piores salários do Brasil. A remuneração inicial é de R$ 4.717 para as duas categorias. Enquanto o investigador amarga na 17ª posição do ranking salarial, o escrivão ocupa o 18º lugar, de acordo com o Sindpesp. A presidente do Sindicato dos Delegados de SP, Jacqueline Valadares, destaca a necessidade urgente de valorização e de reestruturação da carreira policial. Para a profissional, o não incentivo salarial no estado mais rico do Brasil é um dos motivos para o sucateamento da Polícia Civil: “Hoje, há um déficit de 38,5%, ou seja, menos 16 mil policiais trabalhando, entre delegados, investigadores, escrivães e outros cargos. A recomposição não acompanha as saídas, que se dão por exonerações, incluindo as desistências, ou aposentadorias. Resultado: os policiais da ativa acabam sobrecarregados, muitas vezes, com equipamentos obsoletos e em delegacias precárias. Nessas condições, é impossível prestar serviço de excelência à população paulista, que tanto clama por segurança. São Paulo é de longe o estado mais rico do Brasil, mas paga um salário vergonhoso àqueles que estão nas ruas todos os dias combatendo o crime”, complementa. Jacqueline defende, ainda, nomeações imediatas e novos concursos com urgência, para a recomposição dos quadros da Polícia Civil: “As contratações devem acontecer com maior agilidade. Inclusive, estamos cobrando para que os candidatos aprovados em concursos já realizados sejam chamados o quanto antes. Por outro lado, se a gente não remunerar bem este servidor, não conseguimos manter ele na carreira. Temos de sair deste looping, deste ciclo vicioso. Não é só contratar. É valorizar, é pagar bem. Se isso não acontecer, este déficit que temos hoje jamais vai mudar”, alerta Jacqueline. Indicadores O ranking salarial do Sindpesp abarca informações obtidas em portais da transparência, setores de Recursos Humanos das Secretarias de Segurança e Diários Oficiais (DOs) dos estados. O levantamento é disponibilizado no site da entidade: https://sindpesp.org.br/ranking-salarial/ Já o Impostômetro é um serviço da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O levantamento considera todos os valores arrecadados pelas três esferas de governo (municipal, estadual e federal) no Brasil a título de tributos: impostos, taxas e contribuições, incluindo multas, juros e correção monetária. Acesso pelo link: https://impostometro.com.br/