*Por Nicolas Genoni
A corrupção é um problema global que representa uma das maiores limitações para o desenvolvimento econômico e social das diversas sociedades em todo o mundo. As Organizações das Nações Unidas (ONU) estimam que, a cada ano, aproximadamente US$ 1 trilhão são pagos em subornos e US$ 2,6 trilhões são roubados pela corrupção, somas impactantes, que chegam a representar 5% do PIB mundial.
Adicionalmente, o Banco Mundial considera a corrupção como um dos maiores desafios para atingir a meta de erradicar a extrema pobreza até 2030, principalmente porque impacta em maior forma as classes sociais mais pobres e limita o acesso a serviços essenciais, como educação e saúde.
Nessa linha, o setor energético desempenha um papel central no desenvolvimento das atividades socioeconômicas dos países, tanto para a eliminação da pobreza como para a construção de um futuro sustentável e justo. Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à eletricidade, serviço considerado essencial, enquanto 3 bilhões dependem de combustíveis poluentes, como o carvão, para cozinhar e se aquecer.
A importância energética para as sociedades e sua forte inter-relação com os diversos níveis de governo acendem um alerta para um cuidado ainda maior com as vulnerabilidades à corrupção.
De forma geral, essas práticas podem ocorrer em toda a sua cadeia de valor, desde a exploração e produção até o consumidor. Isso se traduz em riscos de fraude nos processos de contratação de fornecedores com custos excessivos, influência na criação de leis que favoreçam indevidamente as empresas, conflito de interesse entre funcionários dos governos e companhias que favoreçam a existência de monopólios e pagamentos para obtenção de licenças ambientais e de exploração, dentre outros.
As consequências são visivelmente negativas e se refletem de diversas formas, como no aumento do orçamento, nos gastos públicos, na distorção da livre concorrência e na alta nos preços de energia, o que gera menor confiabilidade para os consumidores e traz ainda mais impactos ambientais e sociais negativos. Além disso, os custos ficam mais elevados para as empresas e limitam os recursos financeiros para a expansão do serviço e a melhoria da qualidade.
Nesse contexto, é muito importante enfatizar o papel e a responsabilidade das empresas do setor de energia, principais responsáveis por criar um ambiente ético para fazer negócios. Ainda, junto com os cidadãos, todos devem lutar proativamente contra a corrupção em todos os níveis de sua cadeia, promovendo o desenvolvimento econômico sustentável das sociedades em que operam. A integridade corporativa e a construção de uma cultura de conformidade são cada vez mais relevantes para alcançar esses objetivos.
Em conclusão, a corrupção desacelera as economias, bem como a transição para uma energia mais verde. Por esse motivo, o Dia Internacional de Combate à Corrupção oferece a todos nós uma oportunidade anual de ampliar a conscientização sobre os valores éticos, como a integridade, a responsabilidade e a tolerância zero diante das más condutas, para construirmos, juntos, uma sociedade livre de corrupção.
*Nicolas Genoni é diretor de auditoria e compliance da ISA CTEEP.