Guarda sempre Ítaca em teu pensamento.
É teu destino aí chegar.
Mas não apresses absolutamente tua viagem.
É melhor que dure muitos anos
e que, já velho, ancores na ilha,
rico com tudo que ganhaste no caminho.
A jornada de Ulisses-herói imortalizada em Odisseia (de Homero) permeia a discussão artística do Coletivo Forma e a linha curatorial em Ítaca – exposição baseada em travessias, errâncias, deslocamentos, migrações, reobservações, mudanças. A jornada do herói como metáfora da criação artística e o percurso da vida. O percurso e não seu destino final é a principal baliza. A exposição tem abertura dia 16 de abril no espaço de produção e pesquisa cultural Fonte - localizado à Rua Mourato Coelho, 751, na Vila Madalena.
A deriva, situada como deslocamento-arte por Guy Debord e evidenciada por Cristina Canepa, Denis Moreira, Diego Marcicano, Dilson Cavalcanti, Edilaine Brum, Lili Buzolin, Lucrécia Couso, Marcia Pumark, Marcia Gadioli, Marli Takeda, Nil Sanchez, Pedro Diniz Kubitschek e Sami Akl, propõe investigações sobre o percurso como a obra em si. Saem das telas os objetos artísticos consumados e pensados como produto para espaços expositivos e entra a ênfase nos objetos/situações/corpos reavivados como caminhos pensados por artista e público, este último como agente, espectador-atuante.
O coletivo surgiu após um projeto artístico, a Casa Tato 2, que uniu os 13 artistas em torno da extensão de seu aprimoramento, por meio das interações com vários curadores. Nancy Betts foi a orientadora escolhida para propor os desafios e os questionamentos que levassem a produção independente de uma exposição do Coletivo Forma.
Esta Ítaca distópica – inspirada livremente no poema do grego Constantinos Kaváfis – desafia a cartografia de espaços, tempos, movimentos, poéticas e propõe um local de intersecção entre a literatura e as artes visuais, sempre como formas de expressão da construção artística. E assim tem que ser!
“O poema, como metáfora, é o campo conceitual que reúne 13 artistas do Coletivo Forma. Com poéticas bem distintas, fez-se necessário agrupá-los em três eixos: Fluxos e Territórios, Labirintos e Reencantamento. No entanto esse pertencimento é puro didatismo, uma vez que os trabalhos não se encerram em um só território (categoria), mas ultrapassam limites e se instalam no in-between das fronteiras, como a deriva de Ulisses”, explica a curadora Nancy Betts.
Fluxos e Territórios, Labirintos e Reencantamento – os três eixos curatoriais desta coletiva – questionam ainda a “efemeridade perene” deste passeio ficcional-processual reinterpretado ou a reinvenção do cotidiano como o conhecemos. A fruição passiva que dá espaço à experiência de criação levantando a discussão do que é arte – e de como ela se (des)conecta do que (vi)vemos.
As obras estão disponíveis para visitação de quinta a sábado, das 14h às 18h, no Espaço Fonte, de 16 de abril a 14 de maio.
@coletivoforma | @criscanepa.art | @denismoreiracosta | @diegomarcicano | @dilsoncavalcanti.art | @brumedilaine | @lilibuzolin | @cousolucrecia | @marciapumark | @marciagadioli | @marlitakeda.arte | @nil.esculturas | @pedrodinizkubitschek | @samiakl3 | @ nancy.betts
Ítaca - Exposição dos 13 artistas do Coletivo Forma - Curadoria Nancy Betts
Espaço Fonte
Rua Mourato Coelho, 751 – Vila Madalena – SP
16 de abril a 14 de maio – De quinta a sábado, das 14h às 18h