O aumento de casos envolvendo intoxicação por metanol acenderam um alerta para que hospitais reforcem protocolos de atendimento emergencial. De acordo com Ministério da Saúde, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) recebeu notificações de 59 casos de intoxicação por metanol, sendo 53 em São Paulo (11 confirmados e 42 em investigação), cinco em investigação em Pernambuco e um no Distrito Federal. Há ainda um óbito confirmado e sete em investigação.
A ingestão da substância pode causar complicações graves e até a morte se não houver diagnóstico precoce e tratamento imediato. Diante disso, a Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado de São Paulo (AHOSP) ressalta que hospitais devem reforçar os preparos de suas equipes para atendimento ágil.
Os sintomas iniciais, que podem aparecer até seis horas após a ingestão, incluem sonolência, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos, dor de cabeça, confusão mental, taquicardia e queda da pressão arterial. Entre seis e 24 horas após o consumo, podem surgir visão turva, sensibilidade à luz, escurecimento parcial do campo visual, dilatação das pupilas, perda da visão de cores, convulsões, coma e acidose metabólica grave. Nos casos mais graves, o metanol pode provocar cegueira irreversível, choque, pancreatite, insuficiência renal e até rigidez e tremores decorrentes de lesão cerebral irreversível.
Como os sinais se associam aos de uma ressaca comum, é importante redobrar a atenção neste momento em que há uma alta nas notificações. Ao receber paciente relatando esses sintomas, os profissionais de saúde devem indagá-lo se ele consumiu bebida alcoólica e em qual contexto – se em uma festa, bar, ou comprou em algum estabelecimento; se haviam rótulos nas embalagens e qual foi o horário da ingestão, orienta a AHOSP.
Na conduta clínica, recomenda-se suspeitar do diagnóstico em todo paciente com sintomas neurológicos ou visuais após ingestão de bebida alcoólica. O atendimento inicial deve priorizar via aérea pérvia, suporte ventilatório, monitorização contínua e hidratação venosa adequada. Entre os exames recomendados estão gasometria arterial, eletrólitos, função renal e hepática, além de avaliação laboratorial para acidose metabólica. Não se indica lavagem gástrica nem o uso de carvão ativado, pois não são eficazes nesse tipo de intoxicação.
Nos casos confirmados, o tratamento específico inclui o uso de etanol como antídoto, para impedir que o metanol seja transformado em ácido fórmico — substância responsável pelos efeitos tóxicos mais graves, como acidose metabólica intensa, cegueira e risco de morte. O Estado de São Paulo mantém estoque do antídoto para uso emergencial e conta com Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), que apoiam diagnóstico, manejo e toxicovigilância.
Se o diagnóstico correto e o atendimento adequado não forem feitos rapidamente, a mortalidade pode ser superior a 50%. Com socorro precoce, esse índice cai para menos de 10%.
"É essencial que os serviços de saúde sigam os protocolos institucionais definidos tanto pelo Ministério da Saúde quanto pelas Secretarias Estaduais, garantindo notificação, fluxo e acompanhamento adequados de cada caso", fala o presidente da AHOSP, Dr. Anis Mitri. "Seguir essas diretrizes é fundamental para organizar a resposta em saúde, otimizar o uso do antídoto e salvar vidas", conclui.
Diante de um caso suspeito, a conduta inicial deve priorizar a estabilização clínica. Isso envolve garantir a via aérea livre, suporte ventilatório quando necessário, monitoramento contínuo dos sinais vitais e do estado neurológico, além da hidratação venosa para manter a função renal adequada. É indicado também realizar eletrocardiograma seriado para observar alterações cardíacas. Em contrapartida, procedimentos como lavagem gástrica e uso de carvão ativado não são recomendados, pois não apresentam eficácia relevante nesse tipo de intoxicação.
Na investigação laboratorial, exames como gasometria arterial, eletrólitos séricos, função renal e hepática, além da avaliação do hemograma, são fundamentais para identificar os efeitos tóxicos.
Nos casos confirmados, o tratamento específico inclui o uso de etanol como antídoto, uma vez que ele compete com o metanol pelo metabolismo hepático e evita a formação de ácido fórmico, substância responsável pelos danos mais graves, como acidose metabólica intensa, insuficiência renal e risco de cegueira. O Estado de São Paulo mantém estoque do antídoto para garantir o acesso rápido em situações emergenciais.
O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ou as secretarias de saúde solicitam a manipulação do produto quando necessário. O estado de São Paulo conta com 12 CIATox para orientação, diagnóstico e manejo de intoxicações, além de apoio à toxicovigilância e à ingestão de risco químico.
Se o diagnóstico correto e o atendimento adequado não forem feitos rapidamente, a mortalidade pode ser superior a 50%. Com o socorro for rápido, a mortalidade pode ser de menos de 10%.
"É fundamental que as equipes de saúde mantenham a suspeita clínica diante dos sintomas e ajam sem demora. Informação, preparo e agilidade são as principais armas que temos para salvar vidas nesse cenário", conclui o presidente da AHOSP.
SOBRE A AHOSP
A Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado de São Paulo (AHOSP) é uma das mais representativas e atuantes entidades do setor da saúde no Brasil, que compõem a rede hospitalar e assistencial do estado de São Paulo. Com uma trajetória marcada pela defesa dos interesses institucionais e pelo compromisso com a excelência na gestão da saúde, atua como uma ponte estratégica entre os diferentes atuantes do ecossistema, hospitais, clínicas, operadoras, gestores públicos e profissionais da área.
A entidade se destaca por promover o fortalecimento da governança hospitalar, a difusão de boas práticas, a inovação tecnológica e a busca constante por sustentabilidade e eficiência operacional. Por meio de ações integradas, articulações políticas e programas de capacitação, a AHOSP impulsiona o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e a consolidação de um sistema de saúde mais justo, acessível e resolutivo.