Recentemente, o trágico acidente envolvendo um ônibus, uma carreta e um carro no km 286 da BR-116, próximo a Lajinha, distrito de Teófilo Otoni, em Minas Gerais, resultou em mais de 40 mortes, fato que reacende a discussão sobre a BR-116 como uma das rodovias mais letais do Brasil.
Para se ter uma ideia, a BR-116, que conecta o Ceará ao Rio Grande do Sul, em 2023, foi a rodovia com o maior número de acidentes no país, totalizando 87.063 ocorrências e 3.270 mortes, o que corresponde a 15,2% dos acidentes e 12,3% das mortes registradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Até outubro de 2024, a PRF já havia registrado 70.052 acidentes na rodovia com 2.784 mortes. São Paulo liderou em número de ocorrências, com 20.270 acidentes e 489 óbitos, enquanto Minas Gerais, com 10.355 acidentes, registrou o maior número de vítimas fatais, somando 637 mortes.
As projeções indicam que, com os dados registrados até o final de 2024, Minas Gerais deverá registrar um aumento de 7% no número de acidentes e de 12% no total de óbitos em relação a 2023.
Na análise das principais causas de acidentes com óbitos na BR-116, em Minas Gerais, segundo dados da PRF de 2023, 16% dos acidentes foram causados por trânsito na contramão, 15% estavam ligados à velocidade incompatível e 14% resultaram de reações tardias ou ineficientes dos condutores. Esse conjunto de fatores evidencia que o comportamento do condutor é o principal elemento associado às tragédias. No ano passado, até outubro de 2024, os dados mostram um aumento significativo de acidentes relacionados à reação tardia ou ausência de reação, representando 27%, além de 19% vinculados à velocidade incompatível com as condições da via.
Dado que o comportamento do condutor é a principal causa dos acidentes, é válido destacar a necessidade de reforço na fiscalização, com maior monitoramento das infrações. O uso de radares inteligentes, que detectam não apenas a velocidade, mas também outras irregularidades, como ultrapassagens proibidas, devem ser intensificadas, vinculado à aplicação de multas mais altas e à suspensão das carteiras de habilitação para infratores.
Atualmente, a BR-116, em Minas Gerais conta com nove radares fixos em operação, instalados em julho de 2024, nos trechos de Governador Valadares, Inhapim e Caratinga. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) gerencia 77 radares em rodovias federais no estado. No entanto, em alguns trechos da BR-116, radares foram removidos recentemente devido ao término de contratos, com previsão de reinstalação para o início de 2025, incluindo o trecho onde ocorreu o trágico acidente que resultou em mais de 40 mortos, em dezembro de 2024.
*Rafaela Aparecida de Almeida é doutora em Gestão Urbana e professora da ESGCN no Centro Universitário Internacional UNINTER
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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