09/08/2024 às 15h24min - Atualizada em 12/08/2024 às 08h00min

Taxa de aprovação no Ensino Fundamental sobe cerca de 15% após acompanhamento integral dos alunos

Experiência ocorreu em Pojuca (BA), onde o índice de aprovação dos estudantes de escolas públicas subiu de 73,8% para 90,3% em quatro anos na etapa de transição do 5º para o 6º ano

Elaine Alves
Itaú Social
Professores e gestores de educação de escolas públicas de Pojuca, município situado a 75 quilômetros de Salvador (BA), se mobilizaram e conseguiram, em um período de quatro anos, de 2018 a 2022, elevar a taxa de aprovação de 73,8% para 90,3%, de acordo com dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A força tarefa, que contou com o apoio de profissionais de saúde e assistência social, beneficiou estudantes que vivenciavam a etapa de transição do 5º para o 6º ano do Ensino Fundamental.

Em 2018, antes da implementação desse modelo de abordagem, Pojuca registrava uma média de aprovação no 6º ano do Fundamental semelhante à estadual, de 70,5%. Já em 2022, enquanto o índice geral da Bahia subiu para 81,9%, a média de promoção dos alunos do município saltou para 90,3%.

“A ideia do projeto surgiu a partir da constatação de que há um gargalo no fluxo educacional ao longo desse período de transição. Em especial, quando temos taxas mais altas de reprovação e abandono nos momentos de progressão do 5º ao 6º ano do Fundamental e 9º ano do Fundamental ao 1º ano do Ensino Médio”, explica a professora Olívia Claro, coordenadora do projeto.

A iniciativa desenvolveu oito estratégias para tornar a passagem de ano mais tranquila e humanizada. O método reúne práticas de enturmação entre estudantes do 5º e 6º ano para troca de experiência; inclusão de um professor no 5º ano para preparar as crianças para o regime de pluridocência (quando há docentes especialistas em cada área); criação de grupo com profissionais da educação para acompanhar o estudante durante seu percurso no 6º ano; reflexão sobre o acolhimento e desempenho dos novos alunos nos Anos Finais do Fundamental; entre outras ações.

A avaliação de Olívia é confirmada pela série histórica do Censo Escolar, que mostra que os picos de reprovação, evasão e abandono ocorrem durante as transições de etapas da Educação Básica. Resultado semelhante é apresentado na pesquisa inédita “A permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Escolares”: pouco mais da metade dos estudantes brasileiros (52%) concluem o Ensino Fundamental na idade certa e com trajetória regular. O estudo, organizado pela Fundação Itaú, em parceria com os pesquisadores Chico Soares, Izabel Costa da Fonseca, Clarissa Guimarães e Maria Teresa Gonzaga Alves, revela ainda que, ao longo do ciclo, 48% passaram por algumas intercorrências como repetência, reprovação, abandono ou evasão.

“A transição do estudante para o 6º ano do Ensino Fundamental é marcada por uma série de modificações em sua rotina, como a troca de escola, o que, naturalmente, provoca sentimentos de incerteza e apreensão nos alunos. Outra transformação é na dinâmica escolar, que inclui a substituição de um professor de referência por diversos docentes de disciplinas distintas. Como se todas essas novidades não bastassem, ainda é preciso considerar que nesta etapa de formação as crianças enfrentam mudanças físicas, cognitivas e emocionais significativas e associadas à chegada na adolescência”, reflete Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.

Têm trajetórias consideradas regulares os alunos que ingressaram na idade certa na escola, progrediram a cada ano e concluíram todas as etapas de ensino, configurando o percurso desejável e que deveria ser garantido para todos os estudantes do Brasil.

Na Bahia, onde o projeto do município de Pojuca foi feito, o estudo da Fundação Itaú mostra que apenas 39,4% dos estudantes conseguem concluir o Ensino Fundamental na idade certa, índice 12% inferior à média nacional (52%).

Boas práticas compartilhadas

A preocupação com a transição para os Anos Finais do Fundamental não é exclusiva de Pojuca. Segundo a pesquisa “Percepções e Desafios dos Anos Finais do Ensino Fundamental”, realizada pelo Itaú Social, em parceria com a Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), 64% dos dirigentes municipais da educação do país apontam que o acolhimento do aluno no sexto ano é um desafio para a rede de educação.

A experiência bem-sucedida no município baiano foi adaptada com municípios em Alagoas, e em seguida transformada em formato de curso para professores e gestores de educação de todo o Brasil. A iniciativa “ Apoio à transição para os Anos Finais” é oferecida gratuitamente pelo Polo, ambiente de formação do Itaú Social, certificada e tem carga horária de dez horas.

Os materiais foram desenvolvidos em parceria com especialistas e instituições reconhecidas no campo da educação.

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ELAINE CRISTINA ALVES DE OLIVEIRA
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