A cota do rio Negro alcançou 13,91 metros nesta sexta-feira (13/10), chegando à segunda maior vazante já registrada, de acordo com medição do Porto de Manaus.
A Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), que reúne três das maiores empresas de transporte com navios para o Amazonas – Mercosul, Aliança e LogIn –, já informou que “no pior cenário, em função da segurança, não será possível a navegação pelo Rio Amazonas”. Segundo a Abac, “a seca anual é um fenômeno natural, mas problemas graves como o garimpo ilegal, dragagens equivocadas no Rio Madeira (ou, na maioria das vezes, dragagens inexistentes) e falta de planejamento por parte do Governo fazem com que a situação se torne insustentável”.
Segundo a Abac, a previsão é que a situação fique ainda pior, colocando em risco o abastecimento da população e das empresas no Amazonas. Os dados são de que a estiagem deverá se alongar até maio de 2024, com ápice em outubro. Para o abastecimento do grande centro logístico que se constitui a região de Manaus, o problema maior, por enquanto, acontece na chamada enseada da foz do rio Madeira.
Segundo a Abac, a crise atinge a população, que fica desabastecida, com aumento direto do preço dos produtos, pela escassez e por aumento no frete. É impactada, ainda, a Zona Franca de Manaus (ZFM), que não consegue escoar seus produtos, o que, dependendo da duração da crise, pode causar desabastecimento no mercado no Sul e Sudeste, em especial na “Black Friday”.
A Associação diz que no Canal do Panamá, com problema semelhante, o escoamento parcial das cargas por trem, até o outro extremo, permite o navio passar pelo canal, com menos carga. Essa estrutura é inexistente na região de Amazonas. O último porto antes de Manaus fica a sete dias de distância. “Então, fica impossível para as empresas preverem qual a tonelagem a ser colocada nos navios que possa ser escoada sem problemas de calado pelos rios da região”, diz.