21/07/2023 às 09h21min - Atualizada em 23/07/2023 às 00h00min

Vamos celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

A promoção de eventos, debates e pesquisas são fundamentais para divulgarmos a realidade que revelam a urgência de buscarmos mudanças efetivas para as mulheres negras

Ricardo da Silva
www.aasp.org.br
Divulgação
*Débora Ribeiro de Souza e Patricia Souza Anastácio

Em 1992, a República Dominicana sediou o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas para debater a condição das mulheres do continente sob a perspectiva do racismo da desigualdade e do preconceito.

A partir desse encontro, a ONU reconheceu o dia 25 de julho como Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

Muito embora já exista o dia 8 de março, considerado como o Dia Internacional da Mulher, de repente, fica uma interrogação: outro dia internacional da mulher?

A resposta é sim! A data, além de compartilhar dos princípios do Dia Internacional estabelecido em 1992, também tem o propósito de dar visibilidade para o papel da mulher negra na história brasileira, homenageando Tereza de Benguela.

A homenageada viveu no século XVIII e assumiu a liderança do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, após a morte de seu companheiro, e também líder local, Zé Piolho.

Teresa atuou corajosamente durante o período colonial e passou a comandar o Quilombo por muitas décadas. Alguns historiadores e algumas pesquisas apontam que tivemos ali, naquele Quilombo, um modelo inclusive de parlamento ou de distribuição. Comprovado ou não, o fato é que, já no século 18, tinha ali um exemplo de uma negra liderando uma comunidade, ficando conhecida como Rainha Tereza.

Exatamente por isso, no Brasil, ela é homenageada nesse mês, que passou a ser reconhecido pelos mais amplos setores organizados da luta negra no país como Julho das Pretas.

Teresa nos deixa um legado de força e luta. Teresa nos relembra, todos os anos, sobre a importância de reconhecermos e valorizarmos as heroínas de ontem, hoje e sempre. Neste sentido, ações que tragam à pauta debates importantes sobre a realidade da mulher negra no Brasil.


Apesar de avanços na conquista de espaços importantes e legislação que busca a equidade racial em esferas da nossa sociedade, ainda há muito pelo que lutar.

Na Educação 5,2% das mulheres negras alcançam o ensino superior, enquanto as brancas 18,2%, de acordo com dados do IBGE. Quanto mais alto o cargo, menor a presença feminina, ainda mais negra. Segundo o relatório “Women in the Workplace 2021”, o percentual de mulheres negras na alta liderança é de apenas 4%. Já a pesquisa da startup Se Candidate, Mulher aponta que 41,95% das mulheres pretas estão desempregadas.

Quando o assunto é empreendedorismo, segundo dados do Sebrae, apenas 24% dos empreendedores brasileiros são mulheres negras. Falta de acesso a recursos financeiros, capacitação e rede de contatos, bem como a intersecção de discriminações raciais e de gênero e a falta de representatividade em setores específicos são alguns dos desafios listados.

Assim, a promoção de eventos, debates e pesquisas são fundamentais para divulgarmos estes e outros tantos números e realidades que revelem a urgência de buscarmos mudanças efetivas para as mulheres negras.

A AASP - Associação dos Advogados, por exemplo, realizará no dia 25 de julho, às 9h, um evento híbrido no Dia Internacional da Mulher Negra Latina e Caribenha. Na pauta, o descaso com o cuidado da saúde da mulher negra, com a médica Cristiane Santos de Mesquita e com a dentista Nathália Tuany Duarte.

Na sequência, painel fará reflexões sobre a luta da igualdade de gênero e a importância e impacto da indicação de juristas negras junto aos órgãos diretivos do Poder Judiciário, reunindo a Desembargadora Federal do TRF3, Daldice Maria Santana de Almeida, e a advogada Debora Ribeiro. Eunice Aparecida de Jesus Prudente, Secretária Municipal de Justiça de São Paulo, fará o encerramento.

Quando unimos conhecimentos, analisamos os fatos e construímos soluções de forma coletiva, os resultados são visíveis. Aproveitemos o dia 25 de julho para, mais uma vez, olharmos para o futuro e trabalharmos por mais espaço e reconhecimento para as mulheres pretos do Brasil.

*Débora Ribeiro de Souza, advogada, Especialista em Direito Penal Econômico e Direito das Mulheres.
*Patricia Souza Anastácio, Advogada, Palestrante, Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela USP, Especialista em Processo Civil pela ESA, Especialista em MBA - Advocacia Corporativa e Governança EAD. Conselheira Suplente da AASP. Membra Efetiva da Comissão Especial da Advocacia Trabalhista da OAB. Membra Suplente da Comissão de Advogado Assalariado OAB. Advogada Membra da ANAN.

 
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