30/05/2023 às 13h24min - Atualizada em 31/05/2023 às 00h01min

A importância da conservação da Mata Atlântica 

* Augusto Lima da Silveira 

SALA DA NOTÍCIA Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

Biodiversidade é a palavra que chega mais próximo de representar a grandiosidade da Mata Atlântica, pois nela habitam as mais diversas formas de vida, sendo considerada a segunda maior floresta tropical do país. Embora, muitas pessoas não saibam, nesse bioma vivem aproximadamente 72% da população brasileira. Somente esse dado deveria ser suficiente para despertar em nós a consciência de que se trata de um patrimônio de valor inestimável. Entretanto, observamos continuamente o aumento da pressão sobre a floresta pelas atividades humanas.  

A conservação desse bioma é um desafio, em razão dos diversos interesses envolvidos nas áreas em que a Mata Atlântica ocorre. A estimativa aproximada é que, pelo menos, 80% do PIB nacional é produzido nas áreas originalmente ocupadas pela floresta. Este cenário faz com que as políticas de conservação, normalmente sejam enfraquecidas em detrimento de interesses econômicos.  

Assim, o Dia Nacional da Mata Atlântica traz visibilidade para a questão e permite que a sociedade reflita sobre como garantir um futuro mais sustentável para a floresta. Comemorado em 27 de maio, a data está relacionada à primeira descrição da biodiversidade em florestas tropicais em um documento de 1560. O documento intitulado Carta de São Vicente foi assinado por Padre Anchieta e relata a grandiosidade da floresta e as suas inúmeras formas de vida.  

De toda a área originalmente ocupada pela floresta, restam apenas 10% mantidos graças aos esforços variados, como a manutenção de áreas protegidas por lei. Este contexto pode ser agravado, nos próximos anos, uma vez que até 2030 a expectativa é de um aumento de 160% na ocupação urbana em áreas de Mata Atlântica.  

Esse bioma é considerado um hotspot de biodiversidade pela ONG Conservação Internacional, responsável por proteger áreas ameaçadas. Essa classificação indica que a floresta apresenta uma grande diversidade e a presença de espécies endêmicas, ou seja, que ocorrem somente naquela região. Assim, suprimir a vegetação da Mata Atlântica pode ter como resultado a extinção de espécies que não existem em nenhum outro lugar no Planeta. Perdemos, desta forma, um patrimônio natural que não poderá ser recuperado.   

Você pode se perguntar, mas como essa perda me afeta? Uma das respostas está nos serviços ecossistêmicos que a natureza nos fornece gratuitamente e que praticamente não percebemos, como um ar limpo para respirar, a regulação climática, a disponibilidade de chuvas, são alguns exemplos. Especificamente na Mata Atlântica, encontramos espécies endêmicas de polinizadores que são responsáveis pela produção de quase metade dos alimentos que consumimos no Brasil, além da contribuição no controle de pragas e doenças.  

Conhecer essa realidade é muito assustador, mas ao mesmo tempo, deve nos impulsionar na busca por soluções para a conservação da floresta. Considerando que as ações iniciam a partir do conhecimento da realidade, o projeto “Aqui Tem Mata?” (aquitemmata.org.br) traz informações muito importantes sobre a floresta. No site é possível inserir o município de interesse para descobrir se é uma região de Mata Atlântica e as principais informações sobre a conservação. Os dados disponíveis informam sobre a área de floresta original, o ritmo do desmatamento, as áreas de proteção ambiental, entre outros. Outra importante iniciativa é a atuação de ONGs como a SOS Mata Atlântica, que promovem o monitoramento, campanhas de educação ambiental, realizam estudos que permitem a tomada de decisão por gestores públicos e muito mais.  

Falar em conservação ambiental, especialmente de um bioma tão sensível quanto a Mata Atlântica, demanda ações coletivas. Entretanto, não devemos nos ausentar das nossas responsabilidades na melhoria da qualidade ambiental. Quanto mais replicarmos o atual modelo de consumo desenfreado, favorecemos a pressão sobre os recursos naturais. Desta forma, as ações começam no âmbito individual, separando resíduos, evitando o desperdício, reduzindo consumo, e as ações devem se estender para o coletivo ao fiscalizar políticas públicas para a proteção da floresta.  

Que o dia da Mata Atlântica contribua não só para a nossa reflexão, a respeito do futuro que queremos para a Mata Atlântica, mas que também sirva para agirmos em favor da conservação.  

*Augusto Lima da Silveira é coordenador dos cursos Gestão Ambiental; Gestão em Vigilância em Saúde; Saneamento Ambiental na modalidade a distância do Centro Universitário Internacional (UNINTER). É doutor em Ecologia e Conservação (UFPR) e idealizador do projeto @verboambiental no Instagram. 


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