19/05/2023 às 16h32min - Atualizada em 21/05/2023 às 00h00min

Brasil é referência mundial em doação de leite materno, mas ainda não supre demanda

Especialista alerta que a doação de leite materno pode ser uma alternativa vital para recém-nascidos prematuros

SALA DA NOTÍCIA Redação
Foto Divulgação

Em 19 de maio, é celebrado o Dia Mundial de Doação do Leite Humano, data que visa motivar o ato no Brasil e no mundo. A prática do aleitamento está relacionada a inúmeros benefícios, uma vez que o leite materno tem todos os nutrientes que o bebê necessita até os seis meses de vida, protegendo contra diversas doenças. Quando se fala em doação de leite materno, o Brasil é referência mundial: o país tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo. São 225 bancos de leite presentes em todas as unidades federativas e 219 postos de coleta.

 

Mesmo com uma rede tão ampla, a doação ainda não atende plenamente à demanda existente. Segundo o Ministério da Saúde, no período de janeiro a dezembro de 2021, foram distribuídos 168 mil litros de leite materno, beneficiando 237 mil recém-nascidos. No entanto, essa quantidade representa apenas 55% da necessidade real no país. Vale ressaltar que, nos últimos anos, as taxas de prematuridade no país têm aumentado, passando de 11%, em 2018, para 11,5% em 2021, de acordo com dados do Sistema de Monitoramento de Nascidos Vivos.

 

A Dra. Monica Fairbanks de Barros, da Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), destaca a importância da doação de leite humano para proteger e promover o aleitamento materno, especialmente para crianças prematuras com baixo peso ou patologias que requerem internação.

 

“A doação de leite humano oferece suporte a esses bebês prematuros, permitindo uma recuperação melhor e reduzindo complicações. O leite humano é altamente especializado. Quando proveniente de outra mulher, que não a mãe biológica, passa por um processo de pasteurização com tecnologia adequada”, explica. Segundo ela, ao receberem leite humano, essas crianças têm menor incidência de doenças, como enterocolite necrotizante, displasia pulmonar e retinopatia da prematuridade.

 

Além disso, o leite humano favorece o desenvolvimento cognitivo e intelectual, devido à qualidade das suas proteínas, o que impacta nas taxas de doenças no Brasil. As crianças apresentam menor incidência de diarreias e infecções, além de um melhor crescimento, contribuindo para a redução da mortalidade materna e até melhor desenvolvimento cognitivo e intelectual.

 

Para as mães que desejam ser doadoras

A doação de leite é uma importante causa social e cabe aos profissionais de saúde, como ginecologistas, obstetras, pediatras, enfermeiros, atenção básica, entre outros que tenham contato próximo com lactantes, incentivar essa ação. Para ser uma doadora, a mulher precisa estar saudável, com uma boa produção de leite e ter estabelecido bem a amamentação com o seu próprio recém-nascido.

 

“É necessário que ela produza uma quantidade de leite superior às necessidades de seu próprio bebê e esteja disposta a doar voluntariamente, com sensibilidade em ajudar o próximo. Para isso é necessário que sejam oferecidas informações adequadas sobre o processo. É considerável destacar que a falta de informação muitas vezes impede que mulheres preenchem os requisitos para se tornarem doadoras”,  complementa.

 

Para doar, os requisitos são que não sejam fumantes, não consumam bebidas alcoólicas ou drogas ilícitas. Também são realizados testes sorológicos para verificar a negatividade de várias infecções, como HIV, sífilis, chagas, hepatites B e C, HTLV 1 e 2.

 

Cuidados importantes para a coleta caseira

A médica da FEBRASGO alerta sobre alguns cuidados específicos que as mães devem ter ao armazenar o leite em casa. “É fundamental que o leite seja extraído em um ambiente completamente asséptico, que a doadora faça a higienização adequada das mãos e utilize utensílios esterilizados fornecidos pela equipe de um Banco de Leite Humano durante a triagem”, ressalta.

 

O leite deve ser armazenado em uma parte específica do freezer da lactante, que deve estar devidamente limpo e separado de outros recipientes de alimentos. É significativo que o leite seja identificado com a data e que haja um controle de tempo para que seja retirado na casa da doadora.

 

Caso alguma mãe com bebê que já esteja recebendo fórmula sinta o desejo de doar leite, é possível. É importante que ela continue oferecendo a mama ao seu bebê e, ao realizar maior estímulo para retirar leite excedente, sua produção pode ser melhorada, pois quanto mais leite é extraído, melhor será a produção. Como consequência é possível que o seu bebê precise de menos fórmula.

 

Benefícios

“O leite humano é um alimento altamente complexo, contendo proteínas especializadas para o recém-nascido. É rico em caseína, fatores de proteção e crescimento, anticorpos, hemoglobinas e lactobacilos, além de possuir a composição adequada para o bebê. Estudos demonstram que os bebês, especialmente os prematuros, que recebem leite humano têm menor incidência de doenças, o que promove uma melhor qualidade de vida para eles”, conclui a Dra.


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