A 2ª Virada Cultural de Cotia foi encerrada no último domingo (26/10), após um fim de semana de intensa programação artística e formativa em diferentes regiões da cidade. O evento teve início na sexta-feira (24/10), no Pontão de Cultura Instituto AME, com o lançamento do livro Sementeira: grãos para transformar radicalmente a sociedade via políticas culturais, de Célio Turino.
A abertura reuniu uma plateia formada por artistas, produtores culturais, educadores e representantes de coletivos, em uma noite dedicada à reflexão sobre o papel da cultura como prática social e política de base comunitária, que lotou o auditório do Instituto.
Historiador e ex-secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, Turino é reconhecido internacionalmente pela criação do programa Cultura Viva e pela concepção dos Pontos de Cultura, modelo de política pública que se tornou referência por promover a gestão compartilhada entre Estado e sociedade civil.
Durante a abertura, o autor apresentou seu novo livro, que propõe uma leitura crítica sobre a construção das políticas culturais no Brasil. A obra reúne ensaios sobre alfabetização de adultos, cultura do encontro, as relações entre cultura e educação e os desafios contemporâneos da tecnologia e da desinformação.
A fala de Turino estabeleceu o tom da 2ª Virada Cultural de Cotia. O autor abordou a cultura como um processo que nasce do território e das relações humanas, ressaltando que “a cultura não se leva, ela se constrói de dentro para fora”. A partir dessa visão, defendeu a cultura não como algo a ser distribuído, mas como um campo de ativação do que já pulsa nas comunidades e nas práticas sociais.
O pensamento apresentado dialogou diretamente com o propósito da Virada Cultural: promover o acesso descentralizado à arte e ao conhecimento, reconhecendo a cultura como um direito e como fundamento da vida coletiva. A noção de “levar cultura” foi reinterpretada como um gesto de cultivo , o reconhecimento e o fortalecimento do que é comum e compartilhado.
Para Turino, a cultura é um ato de cultivo comunitário, uma experiência de criação, pertencimento e resistência. Essa concepção sustenta a ideia de que a identidade brasileira se constrói na convivência e na diversidade, transformando solidariedade em força política. Quando incorporada às práticas públicas, essa visão indica uma filosofia política que emerge da própria cultura e, reciprocamente, a fortalece, um caminho de transformação social que parte do comum e se consolida no coletivo.
Após a apresentação, o autor abriu espaço para perguntas e diálogo com o público, que compartilhou experiências e projetos locais ligados à arte e à cultura. O encontro encerrou a noite destacando o papel dos Pontos e Pontões de Cultura como redes de articulação, partilha de saberes e reconhecimento das iniciativas culturais de base.
Ao longo do fim de semana, a 2ª Virada Cultural de Cotia promoveu atividades descentralizadas em diferentes regiões da cidade, com apresentações, oficinas, rodas de conversa e intervenções artísticas voltadas à valorização da cultura local e à ampliação do acesso à produção cultural.
O evento foi uma realização do Pontão de Cultura Instituto AME, com produção executiva da Contexto Produção Cultural e apoio da Arte Conecta e do Ponto de Cultura Onde o Tempo é Arte.
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LETICIA RODRIGUES BANDEIRA
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