São Paulo, março de 2025 - O primeiro mês do segundo mandato presidencial de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos terminou carregando mais incertezas do que resoluções. De maneira geral, políticas controversas e potencialmente disruptivas viram mais retórica que atitude, trazendo o benefício da dúvida para os mercados e enfraquecendo o dólar nesses primeiros 30 dias. As relações comerciais com o Canadá e o México, que deveriam ser renegociadas segundo suas promessas de campanha, permaneceram relativamente estáveis, e as tarifas inicialmente propostas foram menos severas do que o esperado.
Mas nenhuma ameaça foi totalmente removida. A administração Trump ainda não detalhou completamente suas políticas econômicas, dificultando uma análise precisa dos impactos no médio e longo prazo. No entanto, já podemos identificar dois grandes efeitos macroeconômicos: primeiro, o aumento da incerteza, que afeta investimentos e mercados financeiros; e, em segundo lugar, um efeito inflacionário que pode ser intensificado por políticas protecionistas e estímulos fiscais, especialmente em um momento em que a inflação continua insistentemente acima da meta do Fed.
A política comercial de Trump, voltada para a proteção da indústria americana, também gera distorções na estrutura produtiva. Ao elevar tarifas e incentivar a produção doméstica, insumos importados ficam mais caros, aumentando os custos para as empresas e reduzindo a eficiência produtiva. Em um primeiro momento, algumas indústrias podem ser beneficiadas, mas, no médio prazo, a competitividade da economia americana pode ser prejudicada. Um exemplo clássico é a Lei Smoot-Hawley de 1930, que impôs tarifas sobre importações e contribuiu para a Grande Depressão ao reduzir o comércio global.
O histórico também indica que políticas comerciais protecionistas, como as propostas por Trump, tendem a gerar distorções setoriais. Quando um país decide produzir internamente o que antes importava de maneira mais eficiente, ele pode perder competitividade global, comprometendo sua posição nos mercados internacionais. A promessa de “trazer empregos de volta para os EUA” pode acabar tornando os produtos americanos mais caros, reduzindo o poder de compra dos consumidores e gerando mais inflação e juros mais altos.
Os americanos são particularmente sensíveis a preços. Muitos analistas políticos apontam que a insatisfação com a alta do custo de vida foi um dos fatores que levaram Trump à vitória. No entanto, suas políticas podem acabar agravando esse problema, o que prejudicaria a popularidade do presidente.
Além disso, o discurso de Trump não se trata apenas de “Make America Great Again” (MAGA), mas de uma tentativa de fortalecer a indústria americana em um contexto de crescente dependência da China. A pandemia evidenciou como o mundo depende das exportações chinesas em diversos setores, e essa vulnerabilidade pode estar por trás das ações protecionistas da nova administração.
Ainda é cedo para afirmar com certeza quais serão os impactos definitivos das políticas de Trump na economia americana e global. A incerteza continua sendo a tônica principal, e o mercado precisará de tempo para entender se as medidas adotadas trarão crescimento ou ampliarão desafios.
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RENATA OLIVEIRA NASCIMENTO
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