11/09/2024 às 10h13min - Atualizada em 12/09/2024 às 00h00min

Setembro Amarelo: campanha busca promover a conscientização e prevenção do suicídio

Psicóloga Ana Paula Jacomino reforça que o suicídio não está relacionado somente com depressão

BEATRIZ MOMM | BMOMM COMUNICAçãO
BMomm Comunicação
Larissa Trentini

Cuidar da saúde mental e não reforçar estigmas é o objetivo da campanha Setembro Amarelo, que ocorre durante este mês, tendo o dia 10 como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Neste ano, o lema da campanha é “Se precisar, peça ajuda!”, que fomenta ações por todo o país. O número de suicídios no Brasil atinge cerca de 14 mil casos por ano, uma média diária de 38 pessoas que tiram a própria vida, de acordo com dados do Governo Federal.
 

A maior parte dos casos, mais de 90%, estavam relacionados a transtornos mentais, principalmente depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Ainda assim, é preciso avaliar cada caso de forma individual. De acordo com a psicóloga Ana Paula Jacomino, a data reforça a importância da conscientização e um olhar bem cuidadoso sobre o suicídio, sem julgamentos e estigmatizações. Não se pode confundir a pessoa com seus atos, segundo a especialista.
 

“Mas é uma pessoa que entendeu a morte como uma opção, tamanha era a dor que ela estava vivendo. Então, o suicídio, na verdade, ele não está relacionado só com depressão, com transtornos mentais, uso de drogas, essas coisas. Todos nós, seres humanos que sofremos e que temos angústias, em algum momento podemos não dar conta e cometer o suicídio, é uma linha bem tênue”, aponta a psicóloga, que completa que antes de julgar, é preciso olhar para dentro e se perguntar se, em momentos de angústia e dor, o suicídio nunca foi pensado como uma opção.
 

Jacomino entende que não é recomendado somente pensar em suicídio de um modo geral, mas caso a caso, com suas particularidades. Em um momento em que a pessoa escolhe tirar a vida, o sentimento é de perda de sentido, ao contrário da força de manutenção que é constante em nossas rotinas.
 

“Então, ela é uma morte que gera muita culpa, acusações, vergonha, medos, impotências e também um não saber. Porque a verdade é que cada ser humano é absolutamente único”, completa a psicóloga.
 

Acolhendo as dores
 

Todos possuem momentos negativos, rancor, raiva, tristeza, angústias e dores, que fazem parte da vida e permeiam a existência do ser humano. Validar essas percepções e acolher os sentimentos é essencial para que não haja uma violência contra si próprio.

A psicóloga detalha a percepção de Freud, que apontava a complexidade e a gravidade que trazem a noção e a busca de perfeição e completude. Saber que a vida possui fim traz um sentido de finitude e busca por metas, objetivos, sentimentos – caso contrário, seria possível esperar pela eternidade inteira para realizar os sonhos.

“A morte, ela é um limite bem absoluto, só que é muito fundamental que a gente vá lidando com os limites no decorrer da vida, porque o que a gente está vendo hoje é que quanto maior a geração do pode-tudo, maior é o índice de suicídio, porque no pode-tudo, que não lida com esses limites, na primeira dificuldade, a pessoa vai lá e comete o suicídio”, completa Jacomino.
 

Olhar atento para a juventude
 

Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, apontam que o suicídio é a segunda principal causa de mortes de adolescentes de 15 a 19 anos, o que acende um alerta adicional e reforça a necessidade de uma atenção especial nesta faixa etária.
 

A psicóloga acredita que as situações precisam ser olhadas de forma específica, mas orienta os pais a darem limites e ensinando para os filhos, ainda que firmes, o que precisa ser feito. Somente assim, quando surgirem frustrações no futuro, as crianças e adolescentes poderão saber se adequar melhor às adversidades da vida.
 

“Se essas pessoas não forem experimentando essas pequenas mortes, que são essas frustrações, no primeiro momento que aparece uma frustração, a pessoa não quer mais viver. Então, que tudo aquilo que precisa morrer dentro de nós encontre um real recurso e uma ajuda, que possamos encontrar o cuidado necessário na hora que estiver muito difícil para fazer essa transformação e a partir dela estarmos ainda muito melhor”, conclui Jacomino.


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Beatriz dos Anjos Momm
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