04/02/2022 às 15h44min - Atualizada em 05/02/2022 às 00h00min

Os desafios econômicos de 2022

Para José Maurício Caldeira, sócio acionista e membro do Conselho de Administração da Asperbras, as eleições gerais trarão volatilidade aos mercados este ano

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O ano de 2022 está apenas começando, mas já se apresenta como bastante desafiador para a economia brasileira. A incerteza deverá dar o tom dos próximos meses, sobretudo por conta das eleições gerais marcadas para outubro. “No Brasil, tradicionalmente, anos eleitorais trazem mais volatilidade para os mercados, é algo que os empresários já sabem que acontece”, diz José Maurício Caldeira, sócio acionista e membro do Conselho da Asperbras, que atua em vários setores da economia, entre eles indústria e incorporação imobiliária. 

De acordo com os últimos dados disponíveis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia tem andado de lado e este quadro se prolongará 2022 adentro, com dólar elevado e pressão sobre o quadro fiscal. Além disso, entramos no terceiro ano de pandemia. Apesar de 70% da população brasileira já estar com as duas doses da vacina, a Covid-19 segue como um fator de preocupação, principalmente por conta da velocidade de contaminação da ômicron e o possível surgimento de novas variantes. 

Entre os segmentos econômicos, serviços e comércio estão com o nível de atividade acima do patamar pré-pandemia, em 4,5% e 1,2%, respectivamente. Serviços cresceu 2,2% na passagem de outubro para novembro e o comércio subiu 0,2% no mesmo período. 

Já a indústria, que viveu um verdadeiro boom em 2020, com demanda muito aquecida no primeiro ano da Covid-19, passa por um momento mais delicado. A produção industrial recuou 0,2% em novembro, sexta queda consecutiva do indicador, e está 4,3% abaixo do patamar pré-pandemia. 
Do ponto de vista da indústria de transformação, os gargalos na cadeia global de suprimentos continuaram prejudicando o setor. Esta situação impactou fortemente o segmento com atrasos nas entregas e estoques em queda por grande pressão de custos. Muito afetados pela escassez de semicondutores, a indústria automobilística e o setor elétrico e eletrônico são os que mais têm sofrido com este descompasso. 

Esse é um dos fatores a jogar contra o crescimento econômico neste ano, mas há outros: elevado custo das matérias-primas e da energia elétrica, alta da inflação, que só deverá ceder em meados do ano, a incerteza fiscal e a taxa de juros elevada. 

O desemprego segue acima de dois dígitos, mas felizmente vem recuando. No trimestre encerrado em novembro, ficou em 11,6%, segundo o IBGE. Na comparação com o trimestre que terminou em agosto, isso significa que mais 3,2 milhões de pessoas conseguiram entrar no mercado de trabalho. O governo federal registrou a criação de 2,7 milhões de empregos formais em 2021.

O maior vetor de incerteza para 2022, no entanto, é o fato de ser um ano eleitoral. “Até que as dúvidas sobre qual será a politica econômica brasileira a partir de 2023 se dissipem, teremos muita volatilidade”, acredita José Mauricio Caldeira. “Mas temos de olhar a floresta e não apenas as árvores que estão na nossa frente, complementa Caldeira. O Brasil segue sendo um país com imenso potencial para quem quer investir no setor produtivo. ” 

O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, que reúne as estimativas do mercado, aponta para 2022 um crescimento de 0,30%, com inflação acima de 5%, que é o teto da meta, taxa básica de juros terminando o ano em 11,75% e dólar a R$ 5,60. 
 
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