Lajinha (MG), julho de 2023 – Neste sábado (22), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, visitará a primeira fábrica comercial de biochar do Brasil. O condicionador do solo atua como uma “esponja de carbono” e ajuda na retenção de água e nutrientes de terras agrícolas, contribuindo também para a remoção de carbono da atmosfera. Localizada em Lajinha (MG), quem o produz é a francesa NetZero, uma startup cujo modelo premiado alavanca o biochar para combater as alterações climáticas e tornar a agricultura mais sustentável.
Em Lajinha, a fábrica tem capacidade para produzir mais de 4.500 toneladas de biochar por ano, o que significa remover anualmente mais de 6.500 toneladas de CO2 equivalente da atmosfera – isso sem contar as emissões evitadas ligadas ao menor uso de fertilizantes químicos. Batizada de Guy Reinaud, em homenagem a um dos pioneiros do biochar, a fábrica foi inaugurada em abril deste ano e emprega diretamente 30 funcionários.
“A vinda do governador Zema à planta da NetZero demonstra a relevância do empreendimento para a região e para o Estado, tendo em vista que Minas Gerais é, de fato, pioneira na produção e no uso de biochar na América Latina. Durante a visita, explicaremos como o modelo da NetZero pode ser estratégico para conciliar produtividade e sustentabilidade na agricultura”, afirma Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero e CEO da NetZero Brasil.
Durante a visita, Zema também conhecerá a Coocafé, parceira da NetZero no projeto. A cooperativa reúne mais de 10 mil cafeicultores, e parte deles fornece milhares de toneladas de resíduos não utilizados provenientes do processo de envelhecimento do café à NetZero, que os transforma em biochar. Estes mesmos agricultores utilizam então o biochar nos seus campos para melhorar a produtividade das culturas e reduzir a utilização de fertilizantes, ao mesmo tempo que ajudam na remoção do carbono.
O biochar é um produto sólido que se assemelha ao pó de carvão. É obtido por meio da extração do carbono contido nos resíduos vegetais, utilizando o processo de pirólise (aquecimento à alta temperatura na ausência de oxigênio). No caso da NetZero, a matéria-prima é, neste momento, a palha do café. O biochar estabiliza de forma duradoura o carbono inicialmente capturado pelas plantas na atmosfera durante a fotossíntese. Este carbono estável é colocado no solo para armazená-lo longe da atmosfera, e ao fazê-lo também melhora a fertilidade do solo.
Ambos os benefícios foram reconhecidos extensivamente e são validados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO). Na produção de café, fertilizantes são responsáveis por mais de dois terços das emissões de CO2. Com o uso do biochar, que basta ser aplicado uma única vez no solo, é possível reduzir em 33% a aplicação dos adubos e, ainda assim, aumentar em 14% a produtividade média.
A instalação de Lajinha – a maior do mundo produzindo biochar a partir de resíduos agrícolas – confirma a dinâmica sustentada da NetZero desde a sua fundação, em 2021. Depois de operar com sucesso na fábrica-piloto em Camarões em 2022, a operação de Lajinha é a primeira instalação comercial da NetZero, com grandes melhorias de hardware e software. Mostra o potencial de replicabilidade do modelo da NetZero e confirma a relevância do biochar para os agricultores.
Em 2022, a NetZero foi reconhecida como um dos 15 projetos de remoção de carbono mais promissores do mundo no concurso internacional XPRIZE Carbon Removal, da Fundação Elon Musk. Outras duas fábricas da NetZero serão construídas no Brasil em 2023, uma delas em Brejetuba (ES), conforme a sequência do planejamento estratégico da startup para trazer escala ao biochar como uma solução climática e agrícola.