Dez pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) estão entre os quase 100 melhores cientistas na área de ecologia e evolução do Brasil, de acordo com o ranking da Research.com. O pesquisador Philip Fearnside assume o primeiro lugar no ranking em nível nacional. Foram examinados mais de 11.774 estudiosos do mundo, com dados coletados em dezembro de 2022.
O Research.com é uma plataforma acadêmica para cientistas de todo o mundo. Os cientistas são avaliados por área, gerando o índice H por cientista dentro da sua área específica.
A posição no ranking Research.com é baseada em dados bibliométricos, de acordo com o número de artigos e dados de citações de determinada disciplina analisada, prêmios e realizações dos cientistas, o índice H (H-index).
Para a diretora do Inpa, Antonia Franco, a presença de mais de 10% de pesquisadores do Instituto no ranking brasileiro representa o reconhecimento da produção científica da unidade de pesquisa. “É uma enorme satisfação termos dez dos nossos pesquisadores em destaque na lista. Isso demonstra a relevância do conhecimento que geramos há quase sete décadas sobre a Amazônia”, destaca.
O pesquisador e ambientalista Philip Fearnside estuda problemas ambientais na Amazônia desde 1974, entrando para os quadros do Inpa quatro anos depois. No currículo, mais de 700 publicações científicas entre artigos, livros e capítulos de livros, principalmente sobre pesquisas ecológicas, incluindo estudos sobre impactos e perspectivas de diferentes modos de desenvolvimento na Amazônia, serviços ambientais e sobre as mudanças ambientais decorrentes do desmatamento da região.
“É gratificante ter sido identificado como ‘melhor cientista’ no Brasil na área da ecologia e evolução e também ver que vários outros pesquisadores do Inpa se saíram bem. Essas citações refletem o quanto as suas pesquisas estão sendo usadas por outros cientistas”, conta o pesquisador. “A frequência de citações, no entanto, não é parâmetro para determinar se um pesquisador é bom, outros aspectos são importantes. Às vezes, grandes descobertas científicas são citadas muitos anos depois”, pondera Fearnside, que já soma mais de 30 títulos e prêmios na carreira e é pesquisador de produtividade 1 A do CNPq.
Esta é a segunda edição do ranking na área de Ecologia e Evolução. Na lista constam outros nove pesquisadores do Inpa: William Magnusson (5º), Niro Higuchi (12º), Carlos Alberto Quesada (16º), Maria Teresa Piedade (33º), Ana Andrade (47º – pesquisadora do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais – Ecossistema Floresta Tropical Úmido – PDBFF), Jansen Zuanon (53º), Jochen Schöngart (59º), Flávia Costa (66º) e Albertina Lima (77º).
“Estou muito feliz por ter conseguido este nível de excelência científica, apesar do abandono e ataques que sofreu a ciência nos últimos anos. Tenho certeza que o desempenho será melhor ainda agora que temos mais apoio”, afirma a pesquisadora do Inpa Flávia Costa, que coordena o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração – PELD Amazônia, desenvolvido em áreas de pesquisa do Inpa: Reserva Florestal Adolpho Ducke, ZF-02 e ZF-03 PDBFF (Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais).
“É também um marco importante ser umas das poucas mulheres neste ranking, que revela quanto nossa ciência é desigual nas oportunidades para as mulheres”, observa a pesquisadora.
Carlos Alberto Quesada, pesquisador do Inpa e coordenador do Programa AmazonFace (Inpa- Unicamp-MCTI/Brasil e Met Office-Reino Unido) e do Projeto Amazon Tall Tower Observatory (Inpa-MCTI/Brasil e Max-Planck/Alemanha), diz estar lisonjeado pelo reconhecimento às contribuições científicas.
“Para a ciência na Amazônia e para a instituição, isso reflete a maturidade do Inpa, que é um Instituto de pesquisa importante em termos globais. A gente tem uma grande quantidade de pesquisadores de altíssimo nível. Possivelmente é o Instituto de ecologia e evolução mais importante do planeta”, avalia Quesada.
O pesquisador ressalta ainda a colaboração dos pesquisadores do Inpa em uma significativa parte da ciência feita na região com altíssima qualidade. “O ranking faz jus para um fato que muitas vezes não é visto, que é a grande liderança que o Inpa tem no cenário mundial”, destaca Quesada.
O Inpa colabora cientificamente com várias instituições internacionais, com destaque para instituições dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Um dos projetos de longa data é o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), fundado há mais de 40 anos pelo biólogo americano Thomas Lovejoy (1941-2021), e no qual atua a bióloga Ana Andrade, que pesquisa o monitoramento da dinâmica e da paisagem fragmentada. O PDBFF estuda o funcionamento da floresta e os efeitos da fragmentação florestal e das mudanças climáticas em sua dinâmica e biodiversidade.
Andrade trabalha há 23 anos no PDBFF e coordena as atividades de campo. Parte desse trabalho resulta na identificação de material botânico armazenado em base de dados utilizada por alunos de várias partes do mundo. “Por estar desempenhando esse trabalho, eu entro na co-autoria desses artigos. E fico muito feliz de possibilitar que todos esses pesquisadores possam fazer uso dessa série histórica construída pelo PDBFF”, conta Andrade.